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OUTRO LADO
União culpa atraso da CPMF
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal admite não
ter pago o que deve ao Rodoanel
-e a várias outras obras-, atribui a falta de recursos ao atraso na
votação da prorrogação da CPMF
e diz que não tem nenhuma previsão de quando conseguirá colocar suas pendências em dia.
Nas próximas semanas, a expectativa no Ministério dos
Transportes é de que a equipe
econômica libere, no máximo, o
pagamento de R$ 20 milhões para
a obra paulista -quantia ainda
muito distante dos R$ 163,7 milhões que o presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) prometera para este ano e abaixo, inclusive, da verba com liberação
prevista até maio passado.
A cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) terminaria
na última terça. Para que a interrupção não ocorresse, a emenda
constitucional que prevê a prorrogação da cobrança deveria ter
sido promulgada até o dia 18 de
março pois, segundo a Constituição Federal (artigo 195), a contribuição só pode ser cobrada após
90 dias da promulgação.
Como a aprovação não saiu até
14 de maio, foi anunciado o corte
de R$ 5,3 bilhões do Orçamento
de 2002 para fazer frente a uma
eventual perda de receita de R$
400 milhões semanais da CPMF.
Desse dinheiro, R$ 1,5 bilhão está cortado definitivamente devido a um aumento nas despesas de
pessoal (R$ 1 bilhão) e ao déficit
da Previdência (R$ 500 milhões).
Nos outros R$ 3,8 bilhões estão
as verbas do Rodoanel, da duplicação da Fernão Dias e da Régis
Bittencourt, segundo o próprio
Ministério dos Transportes.
A prorrogação da CPMF foi, então, aprovada em 12 de junho. O
governo fez suprimir a referência
ao cumprimento do prazo de "carência" do texto da emenda, ficando a decisão do caso para o
STF (Supremo Tribunal Federal).
A expectativa era de que com a
aprovação da continuidade da
contribuição, os R$ 3,8 bilhões
ainda bloqueados fossem liberados. Mas o governo anunciou que
o fará gradualmente para evitar o
risco de complicações de caixa
decorrentes de ações judiciais e
para tentar aumentar a economia
de receitas e, com isso, a confiança dos investidores no país.
Na segunda passada uma portaria publicada no "Diário Oficial" da União reduziu os cortes
de R$ 3,8 bilhões a R$ 1,6 bilhão,
mas os limites de pagamento foram aumentados, por ora, em só
R$ 300 milhões. Ou seja: os ministérios podem contratar mais, mas
os pagamentos ficam para depois.
A liberação privilegiou a recomposição de limites dos ministérios que têm investimentos estratégicos como Transportes e Integração Nacional. Daí a esperança de alguns técnicos de que R$ 20
milhões cheguem ao Rodoanel
"nas próximas semanas".
(SÍLVIA CORRÊA e ALENCAR IZIDORO)
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