São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

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EDUCAÇÃO

Pesquisa mostra que a qualidade do curso é o 2º item mais citado por estudantes paulistanos de faculdades pagas

Universitário escolhe escola pela localização

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Na hora de escolher em qual instituição privada de ensino superior irá estudar, é a localização -e não a qualidade do ensino- o item que o estudante paulistano mais leva em conta.
Essa constatação foi feita a partir dos resultados de uma pesquisa da consultoria Hoper Educacional, que ouviu neste ano 800 alunos de instituições particulares da cidade de São Paulo.
Segundo a pesquisa, 38% dos estudantes citaram a localização do campus como o fator que mais influenciou sua escolha, seguido da qualidade (28%), do preço (16%) e da indicação (16%).
Para Ryon Braga, autor do estudo, o dado indica que a conveniência (preço e localização) é o fator preponderante na escolha, o que, segundo ele, é um indicador de que o estudante brasileiro ainda tem pouco senso crítico.
Para reforçar esse argumento, ele cita um outro estudo, feito em 2000 pela Hoper Educacional com estudantes da região Sudeste, que mostrou que 72% deles afirmaram que estavam na universidade para obter um diploma, enquanto apenas 23% disseram que estavam lá para obter uma boa preparação para o mercado de trabalho ou para expandir seus conhecimentos.
"Estamos refazendo essa pesquisa neste ano, e, pelo que já foi tabulado até agora, o percentual de estudantes que dá mais importância ao diploma do que à formação ficará entre 55% e 60%. O aluno está ficando mais criterioso na escolha, mas ainda leva mais em conta a conveniência do que a qualidade", afirma Braga.
Segundo Antonio Carbonari Netto, vice-presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), a localização e o preço são mesmo os fatores mais levados em conta, principalmente por estudantes mais pobres.
Ele afirma que pesquisas encomendadas pelo Semesp mostram que, entre os estudantes mais ricos, a qualidade aparece sempre em primeiro lugar, seguida da localização da escola.
Entre os mais pobres, a situação muda, com o preço aparecendo como o principal fator, junto com a localização.
"Essa é uma realidade em todo o Estado de São Paulo, e não apenas na capital paulista. Quem percebeu essa realidade do mercado e conseguiu oferecer mensalidades acessíveis está crescendo", acrescenta Carbonari.

Rio de Janeiro
Um levantamento com 680 universitários da cidade do Rio de Janeiro, feito pelo Laboratório UniCarioca de Pesquisas Aplicadas, do centro universitário UniCarioca, chegou a conclusões parecidas. Nessa pesquisa, a qualidade apareceu em primeiro lugar (43,2% das citações), mas esse percentual é menor do que a soma dos percentuais dos fatores localização e preço (47,4%).
"A conveniência passou a ser um fator mais importante em alguns estratos sociais. Antigamente, a instituição formava seu preço a partir de seu custo e da necessidade de investimento. Hoje, quase todas as instituições privadas estão adequando suas mensalidades ao que o aluno consegue pagar", afirma Celso Niskier, reitor da UniCarioca e membro do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro.
No mercado de ensino superior fluminense, a estratégia de oferecer mensalidades mais baixas em locais próximos da residência do aluno foi explorada principalmente pela Universidade Estácio de Sá.
A instituição, que abriu vários campi em parcerias com colégios do subúrbio do Rio, tinha 24 mil alunos em 1999 e chegou a 86 mil em 2002, um crescimento de 258% em quatro anos, de acordo com o Censo do Ensino Superior, do Ministério da Educação.
Segundo Braga, da consultoria Hoper Educacional, a importância da localização do campus é mais óbvia em cidades grandes como Rio e São Paulo.
"Esse dado não pode ser generalizado para todo o Brasil. É em cidades grandes como Rio de Janeiro e São Paulo que esse item passa a ter mais peso", diz Braga.
Niskier concorda. "Em cidades em que a percepção de insegurança é maior e a violência está em pauta, a localização é um fator importante. Em geral, o estudante procura primeiro saber quanto custa a instituição, depois pergunta sua localização e só então quer saber se ela é boa ou não."
O reitor da UniCarioca afirma ainda que, no caso do Rio de Janeiro, até mesmo instituições privadas com mais tradição no mercado -como PUC, FGV e IBMEC- também estão seguindo a tendência de expansão para se aproximar dos alunos.


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