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EDUCAÇÃO
Pesquisa mostra que a qualidade do curso é o 2º item mais citado por estudantes paulistanos de faculdades pagas
Universitário escolhe escola pela localização
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Na hora de escolher em qual
instituição privada de ensino superior irá estudar, é a localização
-e não a qualidade do ensino-
o item que o estudante paulistano
mais leva em conta.
Essa constatação foi feita a partir dos resultados de uma pesquisa da consultoria Hoper Educacional, que ouviu neste ano 800
alunos de instituições particulares
da cidade de São Paulo.
Segundo a pesquisa, 38% dos
estudantes citaram a localização
do campus como o fator que mais
influenciou sua escolha, seguido
da qualidade (28%), do preço
(16%) e da indicação (16%).
Para Ryon Braga, autor do estudo, o dado indica que a conveniência (preço e localização) é o
fator preponderante na escolha, o
que, segundo ele, é um indicador
de que o estudante brasileiro ainda tem pouco senso crítico.
Para reforçar esse argumento,
ele cita um outro estudo, feito em
2000 pela Hoper Educacional
com estudantes da região Sudeste, que mostrou que 72% deles
afirmaram que estavam na universidade para obter um diploma,
enquanto apenas 23% disseram
que estavam lá para obter uma
boa preparação para o mercado
de trabalho ou para expandir seus
conhecimentos.
"Estamos refazendo essa pesquisa neste ano, e, pelo que já foi
tabulado até agora, o percentual
de estudantes que dá mais importância ao diploma do que à formação ficará entre 55% e 60%. O
aluno está ficando mais criterioso
na escolha, mas ainda leva mais
em conta a conveniência do que a
qualidade", afirma Braga.
Segundo Antonio Carbonari
Netto, vice-presidente do Semesp
(Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de
Ensino Superior no Estado de São
Paulo), a localização e o preço são
mesmo os fatores mais levados
em conta, principalmente por estudantes mais pobres.
Ele afirma que pesquisas encomendadas pelo Semesp mostram
que, entre os estudantes mais ricos, a qualidade aparece sempre
em primeiro lugar, seguida da localização da escola.
Entre os mais pobres, a situação
muda, com o preço aparecendo
como o principal fator, junto com
a localização.
"Essa é uma realidade em todo o
Estado de São Paulo, e não apenas
na capital paulista. Quem percebeu essa realidade do mercado e
conseguiu oferecer mensalidades
acessíveis está crescendo", acrescenta Carbonari.
Rio de Janeiro
Um levantamento com 680 universitários da cidade do Rio de Janeiro, feito pelo Laboratório UniCarioca de Pesquisas Aplicadas,
do centro universitário UniCarioca, chegou a conclusões parecidas. Nessa pesquisa, a qualidade
apareceu em primeiro lugar
(43,2% das citações), mas esse
percentual é menor do que a soma dos percentuais dos fatores localização e preço (47,4%).
"A conveniência passou a ser
um fator mais importante em alguns estratos sociais. Antigamente, a instituição formava seu preço
a partir de seu custo e da necessidade de investimento. Hoje, quase todas as instituições privadas
estão adequando suas mensalidades ao que o aluno consegue pagar", afirma Celso Niskier, reitor
da UniCarioca e membro do Conselho Estadual de Educação do
Rio de Janeiro.
No mercado de ensino superior
fluminense, a estratégia de oferecer mensalidades mais baixas em
locais próximos da residência do
aluno foi explorada principalmente pela Universidade Estácio
de Sá.
A instituição, que abriu vários
campi em parcerias com colégios
do subúrbio do Rio, tinha 24 mil
alunos em 1999 e chegou a 86 mil
em 2002, um crescimento de
258% em quatro anos, de acordo
com o Censo do Ensino Superior,
do Ministério da Educação.
Segundo Braga, da consultoria
Hoper Educacional, a importância da localização do campus é
mais óbvia em cidades grandes
como Rio e São Paulo.
"Esse dado não pode ser generalizado para todo o Brasil. É em
cidades grandes como Rio de Janeiro e São Paulo que esse item
passa a ter mais peso", diz Braga.
Niskier concorda. "Em cidades
em que a percepção de insegurança é maior e a violência está em
pauta, a localização é um fator importante. Em geral, o estudante
procura primeiro saber quanto
custa a instituição, depois pergunta sua localização e só então
quer saber se ela é boa ou não."
O reitor da UniCarioca afirma
ainda que, no caso do Rio de Janeiro, até mesmo instituições privadas com mais tradição no mercado -como PUC, FGV e IBMEC- também estão seguindo a
tendência de expansão para se
aproximar dos alunos.
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