São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Rio perde parte de seu arquivo histórico

No maior furto desse tipo no país, criminosos passaram, durante o feriado, por sete portas trancadas sem arrombá-las

Foram levadas cerca de 2.000 fotos da cidade no início do século 20, além de cartões-postais, gravuras e coleções inteiras de revistas


LUIZ FERNANDO VIANNA
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro sofreu, durante o feriado de Corpus Christi, o maior ataque a acervos documentais do país. Depois de passar por sete portas trancadas a cadeado, sem arrombá-las, ladrões furtaram cerca de 2.000 fotografias, cartões-postais, gravuras, coleções inteiras de revistas, livros raros e mapas. A instituição foi criada em 1567 e detém todos os documentos oficiais sobre o Rio.
O crime foi descoberto na segunda-feira, quando um visitante solicitou uma foto de Augusto Malta (1864-1957) e ela não foi encontrada.
Só de Malta, fotógrafo oficial da prefeitura entre 1903 e 1936, foram levados 19 álbuns e várias fotos avulsas. Os álbuns contêm entre 50 e cem fotos cada um. As avulsas foram retiradas das jaquetas (capas protetoras), pois os ladrões não quiseram levar as pastas inteiras.
Das 15 mil fotos de Malta que pertencem ao Arquivo, apenas 2.200 foram digitalizadas. Impedidos pelos peritos da Polícia Federal de entrar nos depósitos, funcionários temiam ontem que negativos em vidro também tivessem sido furtados, o que inviabilizaria a produção de novas cópias.
Ainda foram levados cerca de 2.000 cartões-postais com imagens de várias épocas do Rio. Eles ficavam no segundo andar, no depósito de iconografia, o mais dilapidado.
Do setor ainda levaram fotos de Marc Ferrez (1843-1923); uma coleção de 87 gravuras de Debret (1768-1848); todas as 38 imagens feitas com estereoscópios -instrumentos semelhantes a binóculos; e mapas que registram as mudanças na fisionomia do Rio.
No terceiro andar, onde fica a biblioteca, os ladrões furtaram coleções da "Revista Ilustrada", editada entre 1876 e 1898, e da "Revista da Semana" (1900-1962). Entre outros livros, levaram um raro "Almanaque Laemmert", do século 19.
Para a polícia, os criminosos sabiam o que queriam e fizeram o serviço com calma. Eles deverão revender as peças furtadas a colecionadores. Escolheram o feriado, quando o Arquivo ficou fechado por quatro dias. Como as chaves ficam na sala da diretoria, devem ter conseguido cópias.


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