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Rio perde parte de seu arquivo histórico
No maior furto desse tipo no país, criminosos passaram, durante o feriado, por sete portas trancadas sem arrombá-las
Foram levadas cerca de 2.000 fotos da cidade no início do século 20, além de cartões-postais, gravuras e coleções inteiras de revistas
LUIZ FERNANDO VIANNA
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
O Arquivo Geral da Cidade
do Rio de Janeiro sofreu, durante o feriado de Corpus
Christi, o maior ataque a acervos documentais do país. Depois de passar por sete portas
trancadas a cadeado, sem arrombá-las, ladrões furtaram
cerca de 2.000 fotografias, cartões-postais, gravuras, coleções
inteiras de revistas, livros raros
e mapas. A instituição foi criada
em 1567 e detém todos os documentos oficiais sobre o Rio.
O crime foi descoberto na segunda-feira, quando um visitante solicitou uma foto de Augusto Malta (1864-1957) e ela
não foi encontrada.
Só de Malta, fotógrafo oficial
da prefeitura entre 1903 e 1936,
foram levados 19 álbuns e várias fotos avulsas. Os álbuns
contêm entre 50 e cem fotos cada um. As avulsas foram retiradas das jaquetas (capas protetoras), pois os ladrões não quiseram levar as pastas inteiras.
Das 15 mil fotos de Malta que
pertencem ao Arquivo, apenas
2.200 foram digitalizadas. Impedidos pelos peritos da Polícia
Federal de entrar nos depósitos, funcionários temiam ontem que negativos em vidro
também tivessem sido furtados, o que inviabilizaria a produção de novas cópias.
Ainda foram levados cerca de
2.000 cartões-postais com
imagens de várias épocas do
Rio. Eles ficavam no segundo
andar, no depósito de iconografia, o mais dilapidado.
Do setor ainda levaram fotos
de Marc Ferrez (1843-1923);
uma coleção de 87 gravuras de
Debret (1768-1848); todas as 38
imagens feitas com estereoscópios -instrumentos semelhantes a binóculos; e mapas que registram as mudanças na fisionomia do Rio.
No terceiro andar, onde fica a
biblioteca, os ladrões furtaram
coleções da "Revista Ilustrada",
editada entre 1876 e 1898, e da
"Revista da Semana" (1900-1962). Entre outros livros, levaram um raro "Almanaque
Laemmert", do século 19.
Para a polícia, os criminosos
sabiam o que queriam e fizeram o serviço com calma. Eles
deverão revender as peças furtadas a colecionadores. Escolheram o feriado, quando o Arquivo ficou fechado por quatro
dias. Como as chaves ficam na
sala da diretoria, devem ter
conseguido cópias.
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