São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Estado amplia rigor na prisão de Marcola

Portinholas que permitem contato entre agentes e presos foram vedadas a pedido dos funcionários, que relatam ameaças

Presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, é considerado o mais rígido e seguro do país


CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE


A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) decidiu isolar ainda mais os presos submetidos ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo).
O presídio é ocupado por vários integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), inclusive o seu líder, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, transferido para a unidade em 13 de maio, um dia após o início dos ataques da facção em São Paulo.
Ontem, com apoio do pelotão de choque da Polícia Militar, os agentes fizeram uma blitz na unidade e vedaram portinholas das 160 celas da unidade, considerada a mais rígida e segura do Brasil -no local o preso fica em cela individual e tem direito a duas horas por dia de banho de sol. Visitas íntimas e acesso a rádio, televisão, jornais e revistas são proibidos.
Em Bernardes, as celas são revestidas por chapas de aço, não há grades, e sim portas de aço com duas portinholas com travas externas. Uma delas (medindo 25 cm x 15 cm) é usada para a entrega das refeições e a outra (20 cm x 12 cm), para o contato entre presos e funcionários, que foi fechada.
A Folha apurou que a decisão foi um pedido dos próprios trabalhadores, que dizem ser ameaçados pelos presos. "Eles xingam, intimidam e tentam jogar café quente na gente", disse um funcionário que já trabalhou no local, mas pediu para não ser identificado.
"Foi uma boa iniciativa. Eles [presos] ficam quase o tempo todo ameaçando. Dizem que conhecem a família, sabem onde o agente mora e que vão matar, deixando o trabalhador assustado, intranqüilo", disse o coordenador regional do Sifuspesp (sindicato dos funcionários do sistema prisional de São Paulo), Edevan Pedro da Silva.
Mas agentes de outras prisões ouvidos pela reportagem afirmaram que estão temerosos quanto à reação dos demais presos. "Quando essa notícia "cair" nas cadeias, a coisa pode complicar. Eles vão querer fazer alguma coisa, como dizem, em "solidariedade aos irmãos"", afirmou um funcionário.
A vistoria começou às 7h de ontem e, até as 21h30, não havia sido concluída.
A SAP informou que não vai se manifestar sobre a vedação das portinholas até que o trabalho esteja concluído.

Presidente Venceslau
Outros integrantes da facção criminosa presos na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de SP) mantiveram ontem, pelo terceiro dia, o protesto e se recusaram a sair para o banho de sol. Eles reivindicam mais tempo para esse benefício (hoje de uma hora e vigiados por agentes com equipamentos de segurança) e para as visitas do final de semana (duas horas).
Em outro presídio também integrado por membros do PCC, a unidade 2 de Mirandópolis (607 km a noroeste de SP), um celular, oito carregadores, pequenas porções de maconha, um alicate, serras e facas artesanais foram encontrados após vistoria realizada na terça-feira. Foi descoberto ainda um túnel no local, no início de escavação.


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