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Estado amplia rigor na prisão de Marcola
Portinholas que permitem contato entre agentes e presos foram vedadas a pedido dos funcionários, que relatam ameaças
Presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, é considerado o mais rígido e seguro do país
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) decidiu isolar ainda mais os presos
submetidos ao RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado) do
presídio de segurança máxima
de Presidente Bernardes (589
km a oeste de São Paulo).
O presídio é ocupado por vários integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital),
inclusive o seu líder, Marcos
Willians Herbas Camacho, o
Marcola, transferido para a
unidade em 13 de maio, um dia
após o início dos ataques da facção em São Paulo.
Ontem, com apoio do pelotão
de choque da Polícia Militar, os
agentes fizeram uma blitz na
unidade e vedaram portinholas
das 160 celas da unidade, considerada a mais rígida e segura do
Brasil -no local o preso fica em
cela individual e tem direito a
duas horas por dia de banho de
sol. Visitas íntimas e acesso a
rádio, televisão, jornais e revistas são proibidos.
Em Bernardes, as celas são
revestidas por chapas de aço,
não há grades, e sim portas de
aço com duas portinholas com
travas externas. Uma delas
(medindo 25 cm x 15 cm) é usada para a entrega das refeições
e a outra (20 cm x 12 cm), para o
contato entre presos e funcionários, que foi fechada.
A Folha apurou que a decisão foi um pedido dos próprios
trabalhadores, que dizem ser
ameaçados pelos presos. "Eles
xingam, intimidam e tentam
jogar café quente na gente",
disse um funcionário que já
trabalhou no local, mas pediu
para não ser identificado.
"Foi uma boa iniciativa. Eles
[presos] ficam quase o tempo
todo ameaçando. Dizem que
conhecem a família, sabem onde o agente mora e que vão matar, deixando o trabalhador assustado, intranqüilo", disse o
coordenador regional do Sifuspesp (sindicato dos funcionários do sistema prisional de São
Paulo), Edevan Pedro da Silva.
Mas agentes de outras prisões ouvidos pela reportagem
afirmaram que estão temerosos quanto à reação dos demais
presos. "Quando essa notícia
"cair" nas cadeias, a coisa pode
complicar. Eles vão querer fazer alguma coisa, como dizem,
em "solidariedade aos irmãos"",
afirmou um funcionário.
A vistoria começou às 7h de
ontem e, até as 21h30, não havia sido concluída.
A SAP informou que não vai
se manifestar sobre a vedação
das portinholas até que o trabalho esteja concluído.
Presidente Venceslau
Outros integrantes da facção
criminosa presos na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de SP)
mantiveram ontem, pelo terceiro dia, o protesto e se recusaram a sair para o banho de sol.
Eles reivindicam mais tempo
para esse benefício (hoje de
uma hora e vigiados por agentes com equipamentos de segurança) e para as visitas do final
de semana (duas horas).
Em outro presídio também
integrado por membros do
PCC, a unidade 2 de Mirandópolis (607 km a noroeste de
SP), um celular, oito carregadores, pequenas porções de maconha, um alicate, serras e facas
artesanais foram encontrados
após vistoria realizada na terça-feira. Foi descoberto ainda
um túnel no local, no início de
escavação.
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