São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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Grifes tentam vencer "modafobia" de homens

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre a vanguarda para rapazes moderninhos e o estilo careta para os homens maduros, parece haver um abismo na moda masculina brasileira. Estilistas do país ainda penam para fazer caber a roupa com design dentro de um mercado conservador.
"A moda como criação, como surpresa, não está para o dia-a-dia do homem", diz o estilista Mario Queiroz, que desfilou ontem uma coleção inspirada na elegância dos homens franceses, entre eles o galã de cinema Louis Garrel. "Estou buscando uma nova modelagem no paletó, na calça, mas na nossa cultura nada pode ser muito arrojado", afirma. "O homem latino tem certa dificuldade em assimilar o novo por causa da virilidade que tem, mas também por isso gosta de aparecer, ser bastante vistoso", diz Fábio Andreoni, estilista da Ellus, que desfilou na sexta uma coleção bem comportada.
Pelo menos na Ellus, a solução foi ficar em cima do muro. "Moda masculina é um ambiente de sutilezas, tem que ser levemente mais e levemente menos", analisa Andreoni. "Os homens hoje perderam o ranço de achar que estar bem vestido é coisa de gay, mas eles têm restrições."
Restrições, receio, até medo. "O brasileiro tem medo da moda, sim", resume Igor de Barros, designer da V.Rom e da Cavalera. "Se você vai propor o novo, tem de propor algo que aquele homem vai poder consumir dentro do universo dele, porque temos uma cultura de buscar o preestabelecido."
Queiroz enxerga esse conservadorismo até entre gays. "Também existem gays que não se interessam por moda, que se vestem como heteros, com jeans e camiseta", diz ele. "Os gays que gostam do meu trabalho gostam como os heteros, que querem algo com design, algo assinado."
Embora Queiroz e a V.Rom admitam ter boa recepção entre homossexuais, negam fazer suas coleções pensando em atingir o público gay. "O gay é mais aberto a esse tipo de produto, à busca pelo novo. Mas tem um monte de gay "boy", gay que compra qualquer coisa", diz Barros.


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