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Medo do apagão ajuda a reduzir o consumo
DA REPORTAGEM LOCAL
O medo do apagão afastou pelas próximas semanas a possibilidade de um novo racionamento
de água na região metropolitana
de São Paulo. Como consequência direta dos banhos mais curtos,
o consumo de água em junho e julho na Grande São Paulo caiu
7,5% em relação à abril.
Na prática, o resultado permite
uma folga no sistema Cantareira,
que está com o seu nível mais baixo desde 1987. Mais da metade da
Grande São Paulo é abastecida
pelo sistema Cantareira.
Se houver um colapso nessa rede, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo) tem pronto um plano
de cortes que deve atingir 9 milhões de moradores de São Paulo
(totalmente nas zonas norte e
central e parcialmente nas zonas
leste e oeste), Osasco, Franco da
Rocha, São Caetano do Sul, Francisco Morato, Caieiras, Carapicuíba, Barueri (parcial), Taboão da
Serra (parcial), Guarulhos (parcial) e Santo André (parcial).
"Estamos operando no fio da
navalha", disse o secretário estadual de Recursos Hídricos, Antonio Carlos de Mendes Thame.
Desde abril, 300 mil moradores de
Cotia, Itapecerica da Serra, Embu
e Granja Viana (abastecidas pelo
sistema Alto Cotia) estão com
água racionada.
De forma simplista, a metade da
região metropolitana pode se salvar do racionamento se a economia dos chuveiros continuar e
chover em torno de 120 milímetros até outubro. A média histórica de chuvas para a região do
Cantareira entre julho e outubro é
de 360 milímetros.
Na última sexta-feira, o nível de
água no sistema Cantareira estava
em 26,8%. É um índice em queda
livre (veja gráfico). Segundo a Sabesp, sem a economia causada
pelo temor do apagão o nível estaria perto dos 20%.
Em um calculo extremo (com
pouca chuva e consumo padrão),
a Sabesp estima que o nível do
Cantareira pode cair a 6% em outubro. Seria um recorde negativo,
mas que não implica necessariamente em racionamento. A volta
das chuvas até outubro é mais importante que o nível da represa.
Causas
A crise de abastecimento de
água na Grande São Paulo é cíclica e tem quatro causas. A mais
evidente neste ano é a falta de
chuvas. Até agora, choveu nos
mananciais 332 milímetros a menos que a média histórica.
Os outros motivos são a simples
falta de água nos rios para atender
a demanda paulistana, o desperdício e a poluição dos rios urbanos. "A disponibilidade de água
por habitante em São Paulo é 85%
menor que a da Paraíba. Não é
uma engenharia simples fazer esse sistema funcionar", disse o secretário Mendes Thame.
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