São Paulo, domingo, 22 de julho de 2001

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Medo do apagão ajuda a reduzir o consumo

DA REPORTAGEM LOCAL

O medo do apagão afastou pelas próximas semanas a possibilidade de um novo racionamento de água na região metropolitana de São Paulo. Como consequência direta dos banhos mais curtos, o consumo de água em junho e julho na Grande São Paulo caiu 7,5% em relação à abril.
Na prática, o resultado permite uma folga no sistema Cantareira, que está com o seu nível mais baixo desde 1987. Mais da metade da Grande São Paulo é abastecida pelo sistema Cantareira.
Se houver um colapso nessa rede, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tem pronto um plano de cortes que deve atingir 9 milhões de moradores de São Paulo (totalmente nas zonas norte e central e parcialmente nas zonas leste e oeste), Osasco, Franco da Rocha, São Caetano do Sul, Francisco Morato, Caieiras, Carapicuíba, Barueri (parcial), Taboão da Serra (parcial), Guarulhos (parcial) e Santo André (parcial).
"Estamos operando no fio da navalha", disse o secretário estadual de Recursos Hídricos, Antonio Carlos de Mendes Thame. Desde abril, 300 mil moradores de Cotia, Itapecerica da Serra, Embu e Granja Viana (abastecidas pelo sistema Alto Cotia) estão com água racionada.
De forma simplista, a metade da região metropolitana pode se salvar do racionamento se a economia dos chuveiros continuar e chover em torno de 120 milímetros até outubro. A média histórica de chuvas para a região do Cantareira entre julho e outubro é de 360 milímetros.
Na última sexta-feira, o nível de água no sistema Cantareira estava em 26,8%. É um índice em queda livre (veja gráfico). Segundo a Sabesp, sem a economia causada pelo temor do apagão o nível estaria perto dos 20%.
Em um calculo extremo (com pouca chuva e consumo padrão), a Sabesp estima que o nível do Cantareira pode cair a 6% em outubro. Seria um recorde negativo, mas que não implica necessariamente em racionamento. A volta das chuvas até outubro é mais importante que o nível da represa.

Causas
A crise de abastecimento de água na Grande São Paulo é cíclica e tem quatro causas. A mais evidente neste ano é a falta de chuvas. Até agora, choveu nos mananciais 332 milímetros a menos que a média histórica.
Os outros motivos são a simples falta de água nos rios para atender a demanda paulistana, o desperdício e a poluição dos rios urbanos. "A disponibilidade de água por habitante em São Paulo é 85% menor que a da Paraíba. Não é uma engenharia simples fazer esse sistema funcionar", disse o secretário Mendes Thame.



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