São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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Livros abordam favelas e conjuntos

DA SUCURSAL DO RIO

Dois novos livros, lançados quinta-feira passada por pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas), tratam do crescimento do Rio e têm capítulos específicos sobre a expansão das favelas e dos conjuntos habitacionais populares, como Cidade de Deus.
"Cidade: História e Desafios" (FGV Editora, 295 págs., R$ 25,00), organizado por Lúcia Lippi Oliveira, tem dois capítulos com artigos de historiadores, antropólogos, sociólogos e urbanistas que tratam das cidades em geral e um capítulo exclusivamente voltado para o Rio, com dois artigos sobre as favelas.
O sociólogo Luiz Antonio Machado da Silva descreve uma situação de tensão entre o mundo das favelas e o do "asfalto". O que ainda aproxima estes mundos é a tolerância: "Acontece que tolerância não se confunde com aceitação nem com convencimento: de cima para baixo, tolera-se algo que incomoda pouco, e de baixo para cima o que não se tem forças para mudar". Ele acha que vivemos, no Rio, "no fio da navalha".
O outro livro é "Capítulos da Memória do Urbanismo Carioca" (Edições Folha Seca, com patrocínio da Atlântica Residencial, 230 págs., R$ 35,00), também organizado por Lúcia Lippi Oliveira com a ajuda de Américo Freire. São 13 depoimentos colhidos pelos historiadores do Cpdoc (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da FGV).
Ao comentar a construção dos prédios populares da Cruzada São Sebastião, no Leblon, José Artur Rios, coordenador de uma das primeiras pesquisas sobre favelas, ainda em 1960, explicou porque sempre se opôs aos conjuntos: "(...) aquilo não passa de uma favela vertical, e eu sempre combati esse tipo de favela; chamava de gueto. Nos subúrbios, os antigos institutos de aposentadoria plantaram várias favelas verticais, que são focos de crime, de droga, de prostituição (...). A favela é outra coisa, tem outra possibilidade de realização, de participação, que o conjunto não tem. O conjunto sufoca." (MARCELO BERABA)


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