|
Próximo Texto | Índice
HABITAÇÃO
Para pressionar governos a acelerar projetos de moradia, 3.100 pessoas ocuparam prédios particulares na cidade
Sem-teto invadem 4 edifícios no centro
Jorge Araújo/Folha Imagem
|
R. Aurora, 579 |
ALENCAR IZIDORO
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de 3.100 sem-teto fez
na madrugada de ontem invasões
em quatro prédios particulares do
centro de São Paulo, na maior
ação simultânea de entidades de
moradia dos últimos 14 meses.
A Polícia Militar chegou a evitar
a entrada de sem-teto em outros
dois edifícios. Em duas das ocupações realizadas também houve
princípio de confronto com a PM.
A maioria dos invasores é formada por mulheres, crianças e camelôs que vivem em albergues e
cortiços na região central. Há
também moradores de áreas de
manancial da zona sul.
Eles são liderados pelo MSTC
(Movimento dos Sem-Teto do
Centro), mas também houve a
participação de outros quatro
grupos do setor -MSTRC (Movimento Sem-Teto da Região
Central), Movimento Sem-Teto
de Heliópolis, Associação Morar e
Preservar Chácara do Conde (zona sul) e Movimento de Luta por
Moradia Campo Forte (zona sul).
A série de invasões começou a
ser articulada há mais de seis meses. Embora seja ligada à UMM
(União dos Movimentos de Moradia), principal entidade que reivindica habitação aos sem-teto, a
direção do MSTC, que tem entre
seus líderes militantes do PT, decidiu organizar as ocupações de
maneira independente.
Os alvos foram prédios particulares vazios (exceto um deles) e
que estavam à venda. A intenção é
pressionar os representantes da
prefeitura, Estado e União. Eles
pretendem obter financiamentos
públicos para adquirir os edifícios
e se instalar definitivamente neles
ou em outras áreas da cidade.
Em carta distribuída nos prédios ocupados, as lideranças reivindicam moradia para 2.000
sem-teto em 2003. Elas pedem
ainda que todos os imóveis vazios
abandonados há mais de dois
anos sejam disponibilizados para
habitação popular.
Dos quatro prédios invadidos,
três são de hotéis que não estavam
em atividade: na avenida Brigadeiro Luís Antônio, antiga sede
do tradicional hotel Danúbio, que
já foi um dos preferidos do PT para eventos e que pertence hoje à
UniFMU (Centro Universitário
das Faculdades Metropolitanas
Unidas); na rua Mauá, ao lado da
estação da Luz, que já abrigou
quartos do hotel Santos Dumont;
e na avenida Ipiranga -hotel
Terminus. A quarta ocupação foi
em um edifício residencial da rua
Aurora.
Os sem-teto também tentaram
invadir dois prédios particulares
nas ruas Jaceguai e Rego Freitas,
mas foram barrados pela PM.
Próximo Texto: Movimento já ocupava outros prédios Índice
|