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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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HABITAÇÃO

Para pressionar governos a acelerar projetos de moradia, 3.100 pessoas ocuparam prédios particulares na cidade

Sem-teto invadem 4 edifícios no centro

Jorge Araújo/Folha Imagem
R. Aurora, 579


ALENCAR IZIDORO
CHICO DE GOIS

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 3.100 sem-teto fez na madrugada de ontem invasões em quatro prédios particulares do centro de São Paulo, na maior ação simultânea de entidades de moradia dos últimos 14 meses.
A Polícia Militar chegou a evitar a entrada de sem-teto em outros dois edifícios. Em duas das ocupações realizadas também houve princípio de confronto com a PM.
A maioria dos invasores é formada por mulheres, crianças e camelôs que vivem em albergues e cortiços na região central. Há também moradores de áreas de manancial da zona sul.
Eles são liderados pelo MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro), mas também houve a participação de outros quatro grupos do setor -MSTRC (Movimento Sem-Teto da Região Central), Movimento Sem-Teto de Heliópolis, Associação Morar e Preservar Chácara do Conde (zona sul) e Movimento de Luta por Moradia Campo Forte (zona sul).
A série de invasões começou a ser articulada há mais de seis meses. Embora seja ligada à UMM (União dos Movimentos de Moradia), principal entidade que reivindica habitação aos sem-teto, a direção do MSTC, que tem entre seus líderes militantes do PT, decidiu organizar as ocupações de maneira independente.
Os alvos foram prédios particulares vazios (exceto um deles) e que estavam à venda. A intenção é pressionar os representantes da prefeitura, Estado e União. Eles pretendem obter financiamentos públicos para adquirir os edifícios e se instalar definitivamente neles ou em outras áreas da cidade.
Em carta distribuída nos prédios ocupados, as lideranças reivindicam moradia para 2.000 sem-teto em 2003. Elas pedem ainda que todos os imóveis vazios abandonados há mais de dois anos sejam disponibilizados para habitação popular.
Dos quatro prédios invadidos, três são de hotéis que não estavam em atividade: na avenida Brigadeiro Luís Antônio, antiga sede do tradicional hotel Danúbio, que já foi um dos preferidos do PT para eventos e que pertence hoje à UniFMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas); na rua Mauá, ao lado da estação da Luz, que já abrigou quartos do hotel Santos Dumont; e na avenida Ipiranga -hotel Terminus. A quarta ocupação foi em um edifício residencial da rua Aurora.
Os sem-teto também tentaram invadir dois prédios particulares nas ruas Jaceguai e Rego Freitas, mas foram barrados pela PM.


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