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GUARULHOS
Departamento de homicídios assume os casos
Inquéritos de grupo de extermínio são transferidos após ameaças
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Policiais civis de Guarulhos
(Grande SP) que investigam um
suposto grupo de extermínio na
cidade, formado por policiais militares, sofreram ameaças de morte. Logo depois, a maioria dos inquéritos policiais foi encaminhada ao DHPP (departamento de
homicídios) de São Paulo.
Oficialmente, a polícia nega a
relação entre os dois fatos. Segundo o delegado seccional de Guarulhos, João Roque Américo, a
transferência da maioria dos casos para o DHPP obedeceu a uma
"questão operacional", mas ele
não detalhou qual.
A Folha apurou, porém, que
policiais civis de Guarulhos comunicaram as ameaças de morte
no mês passado ao delegado seccional. Elas seriam anônimas, por
telefone, e prometiam vingança
contra os policiais e familiares.
Nos relatos, feitos antes do envio dos inquéritos ao DHPP, os
próprios policiais falam que as
ameaças são resultado da investigação sobre o suposto grupo de
extermínio que estaria agindo em
Guarulhos pelo menos desde
1999. Eles, porém, não foram os
únicos a receber intimidações.
Familiares de adolescentes
mortos, testemunhas e sobreviventes afirmaram, na audiência
pública feita em maio, pela comissão especial do CDDPH (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), criada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que PMs passaram a fazer
rondas sistemáticas em frente de
suas casas após terem denunciado os casos.
Segundo o delegado João Américo, cerca de 20 dos 27 inquéritos
que estavam no setor de homicídios de Guarulhos foram para o
DHPP. A Folha apurou que são
16. O restante, que estaria em fase
mais adiantada da investigação,
ficou no setor.
A 5ª Delegacia da Divisão de
Homicídios do DHPP assumiu os
inquéritos. O diretor do departamento, Domingos Paulo Neto,
afirmou, por meio da assessoria
da Secretaria da Segurança Pública, que o DHPP tem a função de
assumir investigações de homicídios com autoria desconhecida e
não confirmou as ameaças aos
policiais civis.
Questionado também sobre as
ameaças, o delegado seccional de
Guarulhos disse que não falaria
por telefone.
O deputado federal Orlando
Fantazzini (PT-SP), presidente da
comissão especial do CDDPH,
disse que já foi informado sobre
as ameaças a policiais e a transferência dos casos para o DHPP,
mas ainda espera receber documentos para tomar uma posição.
"Espero que as investigações
continuem no mesmo ritmo",
afirmou o promotor de Justiça de
Guarulhos Neudival Mascarenhas Filho.
A comissão especial marcou para o dia 22 de agosto uma visita a
Ribeirão Preto (314 km de SP),
onde existe a investigação sobre
outro grupo de extermínio, para
ouvir autoridades policiais.
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