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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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GUARULHOS

Departamento de homicídios assume os casos

Inquéritos de grupo de extermínio são transferidos após ameaças

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais civis de Guarulhos (Grande SP) que investigam um suposto grupo de extermínio na cidade, formado por policiais militares, sofreram ameaças de morte. Logo depois, a maioria dos inquéritos policiais foi encaminhada ao DHPP (departamento de homicídios) de São Paulo.
Oficialmente, a polícia nega a relação entre os dois fatos. Segundo o delegado seccional de Guarulhos, João Roque Américo, a transferência da maioria dos casos para o DHPP obedeceu a uma "questão operacional", mas ele não detalhou qual.
A Folha apurou, porém, que policiais civis de Guarulhos comunicaram as ameaças de morte no mês passado ao delegado seccional. Elas seriam anônimas, por telefone, e prometiam vingança contra os policiais e familiares.
Nos relatos, feitos antes do envio dos inquéritos ao DHPP, os próprios policiais falam que as ameaças são resultado da investigação sobre o suposto grupo de extermínio que estaria agindo em Guarulhos pelo menos desde 1999. Eles, porém, não foram os únicos a receber intimidações.
Familiares de adolescentes mortos, testemunhas e sobreviventes afirmaram, na audiência pública feita em maio, pela comissão especial do CDDPH (Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), criada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que PMs passaram a fazer rondas sistemáticas em frente de suas casas após terem denunciado os casos.
Segundo o delegado João Américo, cerca de 20 dos 27 inquéritos que estavam no setor de homicídios de Guarulhos foram para o DHPP. A Folha apurou que são 16. O restante, que estaria em fase mais adiantada da investigação, ficou no setor.
A 5ª Delegacia da Divisão de Homicídios do DHPP assumiu os inquéritos. O diretor do departamento, Domingos Paulo Neto, afirmou, por meio da assessoria da Secretaria da Segurança Pública, que o DHPP tem a função de assumir investigações de homicídios com autoria desconhecida e não confirmou as ameaças aos policiais civis.
Questionado também sobre as ameaças, o delegado seccional de Guarulhos disse que não falaria por telefone.
O deputado federal Orlando Fantazzini (PT-SP), presidente da comissão especial do CDDPH, disse que já foi informado sobre as ameaças a policiais e a transferência dos casos para o DHPP, mas ainda espera receber documentos para tomar uma posição.
"Espero que as investigações continuem no mesmo ritmo", afirmou o promotor de Justiça de Guarulhos Neudival Mascarenhas Filho.
A comissão especial marcou para o dia 22 de agosto uma visita a Ribeirão Preto (314 km de SP), onde existe a investigação sobre outro grupo de extermínio, para ouvir autoridades policiais.


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