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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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PATRIMÔNIO

Foram digitalizados 118 livros sobre a história do país, integrantes do acervo da Biblioteca Mário de Andrade

Livros raros estão disponíveis na internet

SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Biblioteca Mário de Andrade, palco das discussões e encontros da intelectualidade da cidade de São Paulo nas décadas de 40 a 60 e que passou por um processo de decadência nas últimas décadas, apresentou ontem os primeiros resultados da revitalização iniciada em meados de 2002: a biblioteca digital multimídia "Tesouros da Cidade", formada pela digitalização do acervo de obras raras.
A primeira fase do processo, concluída ontem, priorizou a digitalização de obras referentes à história do país, desde o século 16 até o início do século 20. Foram digitalizados 118 livros, num total de 20 mil páginas, que já estão disponíveis na internet, no site da biblioteca (www.prefeitura.sp.gov.br/mariodeandrade) e no site do Instituto Embratel 21 (www.bibliotecamultimidia.org.br), parceiro do projeto.
Também foram incluídas mil ilustrações, reproduzidas de 46 obras de viajantes que estiveram no Brasil no século 19, além de 20 álbuns de fotografias originais da cidade de São Paulo, de 1862 a 1919, e de outras partes do Brasil, a partir de 1870. O acervo digital tem cerca de 1.000 gravuras, relatos e figuras feitas por estrangeiros como Debret, Victor Frond, Rugendas e Taunay.
"Nosso objetivo é preservar o acervo e, ao mesmo tempo, democratizar o acesso a essas obras, que até então estavam restritas a pesquisadores e especialistas", afirmou o diretor da biblioteca, José Castilho Marques Neto. "É um dos acervos mais ricos do país e que estava em condições precárias de armazenamento."
Entre as imagens digitalizadas, o internauta pode encontrar fotos de autores como Militão Azevedo e Guilherme Gaensly, fotógrafos que se notabilizaram por registrar o cotidiano e as transformações de São Paulo no final do século 19.
Um dos tesouros do acervo que está online é o livro "Brazil and Brazilians", de 1857. O relato dos missionários ingleses Daniel Kidder e James Fletcher sobre suas viagens pelo Brasil traz a primeira imagem impressa de São Paulo que se conhece. Os autores são considerados os fundadores do protestantismo no país.
A digitalização do acervo de obras raras, composto por 45 mil livros, é resultado de uma parceria firmada no segundo semestre do ano passado entre a biblioteca e a Embratel. Nessa primeira parte, foram gastos R$ 700 mil. Com um acervo tão grande, a biblioteca ainda não tem uma estimativa de quanto tempo demorará a digitalização de todo o material.
"De que adianta ter um legado tão lindo, se é um legado que ninguém pode consultar", disse ontem a prefeita Marta Suplicy, na inauguração do acervo virtual, ao comentar sobre o projeto de informatização da biblioteca.

Reforma
A conservação do acervo é apenas um dos projetos para a biblioteca. O projeto de reforma do prédio -que prevê a construção de quatro andares subterrâneos, além de livraria, café e um restaurante no térreo- foi aprovado recentemente pelo Condephaat e pelo Compresp (respectivamente os conselhos estadual e municipal que cuidam do patrimônio histórico de São Paulo).
Segundo a direção da biblioteca, a licitação para as obras começa em agosto. Pretendemos dar início à reforma em outubro. As obras deverão estar terminadas em dezembro de 2004.
O projeto da revitalização está orçado em R$ 22 milhões e faz parte do programa de reabilitação do centro, um dos principais projetos da atual administração. A Mário de Andrade é a segunda maior biblioteca do país.
Coordenada pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), a ação, que pretende reformar diversos prédios e monumentos históricos, conta com US$ 68 milhões da prefeitura e depende ainda de US$ 100 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), quantia que deve ser liberada até outubro.

Patronos
Foi criada ontem a Associação de Amigos e Patronos da Mário de Andrade. Já se manifestaram e aderiram o bibliófilo José Mindlin, o filósofo Renato Janine Ribeiro, Alfredo Vaz, editor da Melhoramentos, e o vereador Nabil Bonduki (PT), entre outros.
Segundo o diretor José Castilho Marques Neto, a idéia é que a associação seja uma entidade forte e ativa, que acompanhe as obras e os eventos no local. A associação vai gerir o café e a livraria.


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