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PATRIMÔNIO
Foram digitalizados 118 livros sobre a história do país, integrantes do acervo da Biblioteca Mário de Andrade
Livros raros estão disponíveis na internet
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Biblioteca Mário de Andrade,
palco das discussões e encontros
da intelectualidade da cidade de
São Paulo nas décadas de 40 a 60 e
que passou por um processo de
decadência nas últimas décadas,
apresentou ontem os primeiros
resultados da revitalização iniciada em meados de 2002: a biblioteca digital multimídia "Tesouros
da Cidade", formada pela digitalização do acervo de obras raras.
A primeira fase do processo,
concluída ontem, priorizou a digitalização de obras referentes à
história do país, desde o século 16
até o início do século 20. Foram
digitalizados 118 livros, num total
de 20 mil páginas, que já estão disponíveis na internet, no site da biblioteca (www.prefeitura.sp.gov.br/mariodeandrade) e no site do
Instituto Embratel 21 (www.bibliotecamultimidia.org.br),
parceiro do projeto.
Também foram incluídas mil
ilustrações, reproduzidas de 46
obras de viajantes que estiveram
no Brasil no século 19, além de 20
álbuns de fotografias originais da
cidade de São Paulo, de 1862 a
1919, e de outras partes do Brasil, a
partir de 1870. O acervo digital
tem cerca de 1.000 gravuras, relatos e figuras feitas por estrangeiros como Debret, Victor Frond,
Rugendas e Taunay.
"Nosso objetivo é preservar o
acervo e, ao mesmo tempo, democratizar o acesso a essas obras,
que até então estavam restritas a
pesquisadores e especialistas",
afirmou o diretor da biblioteca,
José Castilho Marques Neto. "É
um dos acervos mais ricos do país
e que estava em condições precárias de armazenamento."
Entre as imagens digitalizadas,
o internauta pode encontrar fotos
de autores como Militão Azevedo
e Guilherme Gaensly, fotógrafos
que se notabilizaram por registrar
o cotidiano e as transformações
de São Paulo no final do século 19.
Um dos tesouros do acervo que
está online é o livro "Brazil and
Brazilians", de 1857. O relato dos
missionários ingleses Daniel Kidder e James Fletcher sobre suas
viagens pelo Brasil traz a primeira
imagem impressa de São Paulo
que se conhece. Os autores são
considerados os fundadores do
protestantismo no país.
A digitalização do acervo de
obras raras, composto por 45 mil
livros, é resultado de uma parceria firmada no segundo semestre
do ano passado entre a biblioteca
e a Embratel. Nessa primeira parte, foram gastos R$ 700 mil. Com
um acervo tão grande, a biblioteca ainda não tem uma estimativa
de quanto tempo demorará a digitalização de todo o material.
"De que adianta ter um legado
tão lindo, se é um legado que ninguém pode consultar", disse ontem a prefeita Marta Suplicy, na
inauguração do acervo virtual, ao
comentar sobre o projeto de informatização da biblioteca.
Reforma
A conservação do acervo é apenas um dos projetos para a biblioteca. O projeto de reforma do prédio -que prevê a construção de
quatro andares subterrâneos,
além de livraria, café e um restaurante no térreo- foi aprovado recentemente pelo Condephaat e
pelo Compresp (respectivamente
os conselhos estadual e municipal
que cuidam do patrimônio histórico de São Paulo).
Segundo a direção da biblioteca,
a licitação para as obras começa
em agosto. Pretendemos dar início à reforma em outubro. As
obras deverão estar terminadas
em dezembro de 2004.
O projeto da revitalização está
orçado em R$ 22 milhões e faz
parte do programa de reabilitação
do centro, um dos principais projetos da atual administração. A
Mário de Andrade é a segunda
maior biblioteca do país.
Coordenada pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização),
a ação, que pretende reformar diversos prédios e monumentos
históricos, conta com US$ 68 milhões da prefeitura e depende ainda de US$ 100 milhões do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), quantia que deve ser
liberada até outubro.
Patronos
Foi criada ontem a Associação
de Amigos e Patronos da Mário
de Andrade. Já se manifestaram e
aderiram o bibliófilo José Mindlin, o filósofo Renato Janine Ribeiro, Alfredo Vaz, editor da Melhoramentos, e o vereador Nabil
Bonduki (PT), entre outros.
Segundo o diretor José Castilho
Marques Neto, a idéia é que a associação seja uma entidade forte e
ativa, que acompanhe as obras e
os eventos no local. A associação
vai gerir o café e a livraria.
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