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Grupo é acusado de organizar caça à onça
Segundo a PF, quadrilha promovia safáris no Pantanal e na Amazônia para turistas brasileiros e estrangeiros
Foram presos na operação Jaguar
4 supostos integrantes e 5 turistas: 4 argentinos e 1 paraguaio
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
A Polícia Federal e o Ibama
anunciaram ontem a prisão
de membros de uma quadrilha especializada em organizar safáris para caça de onças
no Pantanal e na Amazônia.
O grupo, de acordo com a
PF, reunia turistas brasileiros
e estrangeiros. Oferecia
transporte, armamento, cães
e mateiros especializados para caças nessas regiões, ao
custo de US$ 1.500 (cerca de
R$ 2.600) por pessoa.
Não se sabe quantos safáris foram organizados, mas,
em escuta telefônica, um dos
membros da quadrilha falou
que 28 onças haviam sido
mortas só no ano passado.
Até o início da noite, quatro acusados de integrar o
grupo haviam sido presos na
operação Jaguar.
Entre eles está o dentista e
professor universitário Eliseu Augusto Sicoli, que mora
em Cascavel (PR) e é apontado como chefe do esquema.
Segundo a PF, outro membro é o caçador Antônio Teodoro de Melo Neto, 65, o Tonho da Onça, apontado até
em livro como exemplo de
conversão ao ambientalismo. Ele estava foragido.
Um de seus filhos, Marco
Antônio Melo, 26, está entre
os detidos na operação.
Também foram presos em
flagrante cinco "turistas" -
quatro argentinos e um paraguaio-, que se preparavam
para uma caçada na região
de Sinop (500 km de Cuiabá).
Foi preso ainda um cabo da
PM de Mato Grosso.
Os suspeitos serão indiciados por crime contra a fauna
(perseguir, caçar ou matar
animais silvestres sem permissão), porte ilegal de arma
e formação de quadrilha.
O delegado federal Mário
Nomura disse que o esquema
começou a ser descoberto há
nove meses, a partir do desaparecimento de duas onças
que eram acompanhadas por
pesquisadores da ONG Pró-Carnívoros. Elas tinham coleiras sinalizadoras.
Um dos prestadores de serviço da entidade era Tonho
da Onça. "Ele se dizia regenerado e que apenas ajudava a
capturar os animais para a sinalização. De forma clandestina, porém, continuava a caçar e a matar", disse.
"AGENTE DE TURISMO"
Ao investigar o caçador, a
polícia chegou ao dentista,
que atuava, segundo a PF,
"como agente de pacotes de
turismo". Não havia anúncios. Segundo o delegado, Sicoli oferecia as caçadas por
um intermediário na Argentina, que fazia contatos diretos
com possíveis interessados.
A Folha procurou por telefone o consultório de Sicoli
em Cascavel e deixou recados com sua secretária, mas
não obteve resposta. A reitoria da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), onde ele é professor,
disse que não poderia falar.
Não foi possível localizar
parentes ou um advogado de
Tonho da Onça.
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