São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Grupo é acusado de organizar caça à onça

Segundo a PF, quadrilha promovia safáris no Pantanal e na Amazônia para turistas brasileiros e estrangeiros

Foram presos na operação Jaguar 4 supostos integrantes e 5 turistas: 4 argentinos e 1 paraguaio

RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

A Polícia Federal e o Ibama anunciaram ontem a prisão de membros de uma quadrilha especializada em organizar safáris para caça de onças no Pantanal e na Amazônia.
O grupo, de acordo com a PF, reunia turistas brasileiros e estrangeiros. Oferecia transporte, armamento, cães e mateiros especializados para caças nessas regiões, ao custo de US$ 1.500 (cerca de R$ 2.600) por pessoa.
Não se sabe quantos safáris foram organizados, mas, em escuta telefônica, um dos membros da quadrilha falou que 28 onças haviam sido mortas só no ano passado.
Até o início da noite, quatro acusados de integrar o grupo haviam sido presos na operação Jaguar.
Entre eles está o dentista e professor universitário Eliseu Augusto Sicoli, que mora em Cascavel (PR) e é apontado como chefe do esquema.
Segundo a PF, outro membro é o caçador Antônio Teodoro de Melo Neto, 65, o Tonho da Onça, apontado até em livro como exemplo de conversão ao ambientalismo. Ele estava foragido.
Um de seus filhos, Marco Antônio Melo, 26, está entre os detidos na operação.
Também foram presos em flagrante cinco "turistas" - quatro argentinos e um paraguaio-, que se preparavam para uma caçada na região de Sinop (500 km de Cuiabá). Foi preso ainda um cabo da PM de Mato Grosso.
Os suspeitos serão indiciados por crime contra a fauna (perseguir, caçar ou matar animais silvestres sem permissão), porte ilegal de arma e formação de quadrilha.
O delegado federal Mário Nomura disse que o esquema começou a ser descoberto há nove meses, a partir do desaparecimento de duas onças que eram acompanhadas por pesquisadores da ONG Pró-Carnívoros. Elas tinham coleiras sinalizadoras.
Um dos prestadores de serviço da entidade era Tonho da Onça. "Ele se dizia regenerado e que apenas ajudava a capturar os animais para a sinalização. De forma clandestina, porém, continuava a caçar e a matar", disse.

"AGENTE DE TURISMO"
Ao investigar o caçador, a polícia chegou ao dentista, que atuava, segundo a PF, "como agente de pacotes de turismo". Não havia anúncios. Segundo o delegado, Sicoli oferecia as caçadas por um intermediário na Argentina, que fazia contatos diretos com possíveis interessados.
A Folha procurou por telefone o consultório de Sicoli em Cascavel e deixou recados com sua secretária, mas não obteve resposta. A reitoria da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), onde ele é professor, disse que não poderia falar.
Não foi possível localizar parentes ou um advogado de Tonho da Onça.


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