São Paulo, quarta, 22 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO
Prefeito de SP cria novo programa para atrair ambulantes; para sindicato, decisão é "eleitoreira"
Pitta acelera retirada de camelôs do centro

da Reportagem Local

O prefeito Celso Pitta (PPB) decidiu acelerar os programas municipais voltados para a retirada dos camelôs do centro da cidade. A meta do prefeito é acabar com o comércio ambulante no centro até o final do ano. Em outubro ocorre o primeiro turno das eleições.
Na tentativa de cumprir a meta, o prefeito quer criar mais um espaço para abrigar o comércio ambulante, o "Popcenter" ou Centro Popular de Compras.
O "Popcenter" é a segunda tentativa de Pitta para retirar os camelôs das ruas. A primeira delas, os chamados bolsões de comércio popular (os camelódromos) ainda não empolgaram os ambulantes.
Na avaliação do próprio prefeito, os bolsões estão com pouco mais de 50% de suas áreas ocupadas por vendedores ambulantes.
Hoje pela manhã Pitta vistoria o projeto piloto do "Popcenter", instalado no Brás (região central de São Paulo).
Criado por decreto, o programa pretende instalar, com apoio da iniciativa privada, os centros populares de compras, uma espécie de shoppings populares que seriam utilizados prioritariamente por camelôs.
Os centros populares de compras seriam instalados em imóveis da região central que estão abandonados ou com mau uso.
Antes de passar a atuar nesses locais, os ambulantes receberiam uma série de facilidades da prefeitura para constituir uma micro ou pequena empresa.
Nesse sentido, o secretário licenciado de Planejamento, Guilherme Afif Domingos, diz que a prefeitura vem estudando uma série de medidas para simplificar a burocracia para a abertura, constituição e funcionamento das micro e pequenas empresas.
Além de elaborar a implantação do "Popcenter", a Secretaria do Planejamento pretende firmar convênios com entidades e empresas privadas para o financiamento desses centros.
Para o prefeito, o programa "é uma das formas de resgatar a cidadania, além de reduzir o desemprego".

Protesto
Na avaliação de Marcos Antonio Maldonado, secretário de organização do Sindicato dos Trabalhadores na Economia Informal, filiado à CUT, a exemplo dos bolsões, o "Popcenter" não deve atrair os ambulantes.
Os camelôs dizem que, sem discutir esses programas com a categoria, a prefeitura acaba instalando esses centros de comércio em pontos distantes e economicamente inviáveis.
Os camelôs querem que a prefeitura permita sua permanência nas ruas de uma forma organizada, com padrões para os tamanhos das barracas e para as distâncias entre elas.
Na opinião de Maldonado, a iniciativa de Pitta tem objetivos "eleitoreiros". "Esses programas viraram uma bandeira eleitoral do prefeito", diz.
Em protesto aos projetos de Pitta, o sindicato está convocando uma manifestação para sexta-feira na avenida Paulista.
Antes de definir os locais para instalação desses centros de comércio, a prefeitura, diz Maldonado, deveria dar continuidade a uma comissão criada em junho para discutir a situação dos ambulantes.
Formada por membros da prefeitura, da Câmara, dos ambulantes e da associação comercial, essa comissão não chegou a produzir resultados práticos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.