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Desembargador se diz "horrorizado" com determinação
Henrique Nelson Calandra afirmou que irá buscar formas de reverter decisão do CNJ de ampliar poderes do juiz de paz
Para ele, eleição para o cargo irá vulgarizar a figura do juiz porque aceitará pessoas despreparadas para a função de conciliação
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Associação
Paulista dos Magistrados, Henrique Nelson Calandra, afirmou ter ficado "horrorizado"
quando soube da determinação
do CNJ para a realização de
eleições para juiz de paz e a
"ampliação" de seus poderes.
"Há mais prejuízos do que lucros", disse Calandra.
O desembargador informou
que irá discutir com a direção
da associação e buscar formas
de tentar reverter essa recomendação do CNJ, inclusive
recorrer ao próprio conselho.
Para ele, a situação hoje é totalmente diferente da de 1988,
quando a Constituição foi aprovada, e a regulamentação desse
tema agora só acarretará custos
desnecessários.
Ainda segundo Calandra, a
eleição do juiz de paz irá vulgarizar a figura do juiz porque
aceitará pessoas despreparadas
para a função de conciliação.
"Por que não colocar o oficial
do cartório?", disse.
Juízes paulistas ouvidos pela
reportagem dizem que poderão
até buscar no Congresso a
aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para buscar essa mudança.
O deputado Arnaldo Faria de
Sá (PTB-SP) já apresentou na
Câmara um pedido de mudança na Constituição para que os
juízes de paz sejam escolhidos
por concurso público, e não pelo voto popular.
Para ele, a eleição também é
uma boa ferramenta para escolha dos juízes. "O que não pode
é ficar do jeito que está. Que são
nomeações dos secretários de
Justiça", afirmou.
Mesmo assim, segundo o
parlamentar, ele vai tentar
aprovar a PEC porque considera o concurso público uma forma de selecionar melhor os juízes de paz. "Vou insistir", disse.
"Esse assunto só será retomado
depois das eleições", afirmou.
Má-fé
Os juízes Andréa Maciel Pachá (CNJ) e Cláudio Dell'Orto
(AMB), defensores da eleição
na Justiça de Paz, disseram que
não podem criticar esse processo por pensar, antecipadamente, que será utilizado por pessoas com más intenções.
"Não prejulgo a má-fé de ninguém", disse Andréa Pachá.
"Em qualquer área há problemas. Não podemos partir do
pressuposto da má-fé", complementou Dell'Orto.
O presidente da Arpen-SP
(Associação dos Registradores
de Pessoas Naturais do Estado
de São Paulo), Odélio Antonio
de Lima, afirmou temer pela
eleição na Justiça de Paz. "Você
não sabe quem vem."
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