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NADIR DE ALMEIDA BASTOS WASPE (1935-2009)
Dona Nadir, seus remédios e a bronca no Juca
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dona Nadir ligou brava para a rádio predileta naquele
outubro de 2000. O apresentador do CBN Esporte Clube
não havia falado as horas no
ar -o que a fizera esquecer-se de tomar seus remédios.
Juca Kfouri recebeu o recado ao chegar para o programa, que estreara na noite anterior ("Rádio é prestação de
serviço. Ele tem que falar a
hora"). Obedeceu: "Dona Nadir, tá na hora de tomar o seu
remédio. Oito e meia", disse.
Às 21h, novo aviso.
Ela gostou. No outro dia,
deixou mais um recado -era
muita gentileza de Juca, colunista desta Folha, avisá-la.
Os remédios eram necessários desde que um AVC, em
1993, paralisou parte do seu
corpo e a deixou em cadeira
de rodas. A doença, aliada a
um problema na visão, fez do
rádio sua companhia diária.
Pois dona Nadir e seus remédios viraram bordão e
passaram a ser lembrados no
programa todos os dias. Até
entrevistada ela já foi: no dia
em que um convidado faltou,
entrou no ar para falar de futebol -são-paulina, disse ter
visto Leônidas da Silva estrear pelo tricolor em 1942.
Eduardo, um dos filhos,
não sabia desse detalhe, mas
lembrava da mãe bem-humorada, piadista e ansiosa.
Nascida em São Simão (SP),
ela foi professora até 1972,
quando virou dona de casa.
No dia 11, internada havia
quatro dias, dona Nadir morreu de parada cardiorrespiratória. Tinha 74 anos. Deixou o marido, dois filhos, um
neto e o radinho portátil. Ao
saber da morte, Juca decidiu: às 20h30 e às 21h, continuaria a falar do remédio.
coluna.obituario@uol.com.br
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