|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lugares intocados mostram uma SP de décadas atrás
Comércio antigo, que existe desde antes de shoppings center e grandes obras viárias, sobrevive na cidade
Em imóveis tombados, restaurados ou apenas bem conservados, locais tradicionais continuam em funcionamento
FLÁVIA MANTOVANI
DE SÃO PAULO
Quando os lugares mostrados nesta reportagem começaram a funcionar, SP ainda
não tinha shopping center,
metrô ou Minhocão.
Ano após ano, eles resistiram e mantêm aparência
muito semelhante à de antigamente.
SALÃO PHIDIAS
Não são só as instalações
da barbearia Phidias, instalada em uma galeria no número 77 da rua 24 de Maio,
que permanecem iguais há
45 anos. O serviço oferecido
também.
O lugar, criado em 1965, já
teve clientes ilustres, como o
presidente Jânio Quadros e
os homens da família Safra.
CANETAS
Fundado em 1951, o Posto
Parker está igual a como era
no passado.
A clientela, que já teve nomes ilustres como o governador Carvalho Pinto, hoje é
formada principalmente por
pessoas mais velhas.
Médicos, advogados e
bancários compram para
presentear. Há também os
colecionadores.
CHAPELARIA PLAS
A loja na rua Augusta, 724,
está igual desde 1954, quando o francês Maurice Plas,
83, abriu sua chapelaria.
O dono toca a loja com os
filhos, Robert, 45, e Maurice,
43. Ele aderiu ao uso de chapéus para se proteger do sol
por indicação médica e passou a fabricá-los por influência do ator Tarcísio Meira,
seu cliente.
Robert diz que sua clientela não é mais composta apenas por gente de idade. "Há
uns cinco, dez anos, mudou
completamente. Muito jovem gosta de chapéu."
RODRIGUES ALVES
Uma joia no número 227 da
avenida Paulista coberta pelo descuido e pelo vandalismo. Assim era o colégio Rodrigues Alves antes de ser
restaurado, em 2006. Hoje,
seus mais de 2.000 alunos
têm o privilégio de estudar
num edifício construído por
Ramos de Azevedo em 1919.
Hoje, o colégio é muito
procurado por causa da localização. Muitos alunos são filhos de pessoas que trabalham na região da Paulista.
"É uma escola de passagem.
Os alunos vêm de toda a cidade", diz José Evangelista Gabriel, 64, diretor substituto.
TRENTINI
Numa sala do sexto andar
da rua da Quitanda, 113, Rui
Biffi guarda câmeras fotográficas de diversas épocas.
O dono conserva, também,
documentos antigos do local, que existe desde 1941.
"Essa memória tem que ser
preservada", diz.
BOTEQUIM DO HUGO
Localizado numa casa antiga na rua Pedroso Alvarenga, 1.014, o Botequim do Hugo, fundado em 1927, vive
cheio. O público inclui políticos e cantores e também pedreiros e catadores de papel.
A mãe de Hugo, Francisca,
ainda tempera a carne e prepara a pimenta, aos 85 anos.
O dono diz que já tentaram
comprar a casa. "Não vendo.
Imagina quanta gente nasceu, brincou, cantou parabéns, chorou aqui".
Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: Papai Lula, mamãe Dilma, titio Serra Próximo Texto: Frases Índice
|