São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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Lugares intocados mostram uma SP de décadas atrás

Comércio antigo, que existe desde antes de shoppings center e grandes obras viárias, sobrevive na cidade

Em imóveis tombados, restaurados ou apenas bem conservados, locais tradicionais continuam em funcionamento

FLÁVIA MANTOVANI
DE SÃO PAULO

Quando os lugares mostrados nesta reportagem começaram a funcionar, SP ainda não tinha shopping center, metrô ou Minhocão.
Ano após ano, eles resistiram e mantêm aparência muito semelhante à de antigamente.

SALÃO PHIDIAS
Não são só as instalações da barbearia Phidias, instalada em uma galeria no número 77 da rua 24 de Maio, que permanecem iguais há 45 anos. O serviço oferecido também.
O lugar, criado em 1965, já teve clientes ilustres, como o presidente Jânio Quadros e os homens da família Safra.

CANETAS
Fundado em 1951, o Posto Parker está igual a como era no passado.
A clientela, que já teve nomes ilustres como o governador Carvalho Pinto, hoje é formada principalmente por pessoas mais velhas.
Médicos, advogados e bancários compram para presentear. Há também os colecionadores.

CHAPELARIA PLAS
A loja na rua Augusta, 724, está igual desde 1954, quando o francês Maurice Plas, 83, abriu sua chapelaria.
O dono toca a loja com os filhos, Robert, 45, e Maurice, 43. Ele aderiu ao uso de chapéus para se proteger do sol por indicação médica e passou a fabricá-los por influência do ator Tarcísio Meira, seu cliente.
Robert diz que sua clientela não é mais composta apenas por gente de idade. "Há uns cinco, dez anos, mudou completamente. Muito jovem gosta de chapéu."

RODRIGUES ALVES
Uma joia no número 227 da avenida Paulista coberta pelo descuido e pelo vandalismo. Assim era o colégio Rodrigues Alves antes de ser restaurado, em 2006. Hoje, seus mais de 2.000 alunos têm o privilégio de estudar num edifício construído por Ramos de Azevedo em 1919.
Hoje, o colégio é muito procurado por causa da localização. Muitos alunos são filhos de pessoas que trabalham na região da Paulista. "É uma escola de passagem. Os alunos vêm de toda a cidade", diz José Evangelista Gabriel, 64, diretor substituto.

TRENTINI
Numa sala do sexto andar da rua da Quitanda, 113, Rui Biffi guarda câmeras fotográficas de diversas épocas.
O dono conserva, também, documentos antigos do local, que existe desde 1941. "Essa memória tem que ser preservada", diz.

BOTEQUIM DO HUGO
Localizado numa casa antiga na rua Pedroso Alvarenga, 1.014, o Botequim do Hugo, fundado em 1927, vive cheio. O público inclui políticos e cantores e também pedreiros e catadores de papel.
A mãe de Hugo, Francisca, ainda tempera a carne e prepara a pimenta, aos 85 anos. O dono diz que já tentaram comprar a casa. "Não vendo. Imagina quanta gente nasceu, brincou, cantou parabéns, chorou aqui".


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