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Será que o brinquedo assassino foi longe demais?
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Sempre ouvi dizer e concordo
plenamente: você pode contar
piada de negro, de judeu, de lésbica, de aleijado, de português, de
italiano, de polonês, enfim, de tudo que é minoria ou nacionalidade. Pode brincar e rir à vontade.
Só não pode uma coisa: acreditar
no que você está dizendo.
As melhores piadas de judeu
que ouvi na vida foram contadas
pelos próprios. O mesmo acontece
com anedotas de invertido e de
português. Tenho, inclusive, um
amigo lusitano, o Barbosa, que
me liga de Portugal de madrugada para contar piadas em que
seus patrícios são os principais
protagonistas.
O Barbosa gosta tanto, mas tanto, de rir sobre sua nacionalidade,
que certa vez estava em Bruxelas
a trabalho e, como não tinha nada melhor a fazer, procurou na
lista telefônica o endereço do Hergé, o criador das aventuras do
Tintin, e às duas da matina foi tocar a campainha desse que vem a
ser um dos belgas mais famosos
do planeta.
Hergé (apelido que une as iniciais "R" e "G" do nome verdadeiro do autor, Georges Remi) atendeu pessoalmente o interfone.
Quando perguntou quem estava
batendo à sua porta naquela hora
da madrugada, meu amigo Barbosa respondeu: "Aqui é o Oliveira da Figueira".
Para quem não sabe, Oliveira
da Figueira é o comerciante português que, nas aventuras de Tintin, sempre aparece na hora certa
para salvar o repórter de topete
loiro e seu fiel cãozinho Milu.
Pois não é que Hergé achou tanta graça que convidou o Barbosa
para entrar e ainda lhe serviu um
café?
Meu amigo Barbosa é o lado
bom da moeda de quem gosta de
rir das diferenças entre uns e outros. O lado nefasto e racista dessa
questão, aquele que a gente fica
chocada de saber que ainda existe, veio à tona nos últimos dias na
esteira das acusações feitas pelos
jogadores Rincón, do Corinthians,
e Wagner, do São Paulo. Os dois
afirmam que Paulo Nunes é racista e que foram alvo de ofensas
inaceitáveis por parte do jogador.
Paulo Nunes é goiano, mas pensa que é gaúcho, e a gente sabe o
que os gaúchos acham do resto do
país. Mas, até aí, morreu neves.
É preciso investigar essa história
a fundo, ouvindo os companheiros e ex-companheiros de Nunes e
qualquer outra testemunha que
possa ter presenciado algum ato
que desabone o jogador. Se ele for
racista, que seja castigado dentro
da lei. E, se não for, que essa acusação terrível não tenha chance
de pairar sobre sua cabeça de falso loiro.
QUALQUER NOTA
Beijos suspeitos
Por que será que a Ana Paula
Arósio só tasca uns beijos de língua no novo namorado, o colega
global Marcos Palmeira, quando
percebe a presença de algum fotógrafo?
Uma vez Flamengo
Olha só o título que saiu na edição portuguesa da revista "Caras":
"Stéphanie mostra-se uma mãe
galinha". Não, não é o que você está pensando. Segundo a publicação, a princesinha de Mônaco é
"uma mãe devotada, que acompanha os filhos em todos os momentos". Ah bom!
Novo em folha
Não durmo enquanto alguém
não me contar o que o Silvio Santos fez para ficar tão rejuvenescido
e bem-disposto.
E-mail: barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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