São Paulo, Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
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Será que o brinquedo assassino foi longe demais?

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Sempre ouvi dizer e concordo plenamente: você pode contar piada de negro, de judeu, de lésbica, de aleijado, de português, de italiano, de polonês, enfim, de tudo que é minoria ou nacionalidade. Pode brincar e rir à vontade. Só não pode uma coisa: acreditar no que você está dizendo.
As melhores piadas de judeu que ouvi na vida foram contadas pelos próprios. O mesmo acontece com anedotas de invertido e de português. Tenho, inclusive, um amigo lusitano, o Barbosa, que me liga de Portugal de madrugada para contar piadas em que seus patrícios são os principais protagonistas.
O Barbosa gosta tanto, mas tanto, de rir sobre sua nacionalidade, que certa vez estava em Bruxelas a trabalho e, como não tinha nada melhor a fazer, procurou na lista telefônica o endereço do Hergé, o criador das aventuras do Tintin, e às duas da matina foi tocar a campainha desse que vem a ser um dos belgas mais famosos do planeta.
Hergé (apelido que une as iniciais "R" e "G" do nome verdadeiro do autor, Georges Remi) atendeu pessoalmente o interfone. Quando perguntou quem estava batendo à sua porta naquela hora da madrugada, meu amigo Barbosa respondeu: "Aqui é o Oliveira da Figueira".
Para quem não sabe, Oliveira da Figueira é o comerciante português que, nas aventuras de Tintin, sempre aparece na hora certa para salvar o repórter de topete loiro e seu fiel cãozinho Milu.
Pois não é que Hergé achou tanta graça que convidou o Barbosa para entrar e ainda lhe serviu um café?
Meu amigo Barbosa é o lado bom da moeda de quem gosta de rir das diferenças entre uns e outros. O lado nefasto e racista dessa questão, aquele que a gente fica chocada de saber que ainda existe, veio à tona nos últimos dias na esteira das acusações feitas pelos jogadores Rincón, do Corinthians, e Wagner, do São Paulo. Os dois afirmam que Paulo Nunes é racista e que foram alvo de ofensas inaceitáveis por parte do jogador.
Paulo Nunes é goiano, mas pensa que é gaúcho, e a gente sabe o que os gaúchos acham do resto do país. Mas, até aí, morreu neves.
É preciso investigar essa história a fundo, ouvindo os companheiros e ex-companheiros de Nunes e qualquer outra testemunha que possa ter presenciado algum ato que desabone o jogador. Se ele for racista, que seja castigado dentro da lei. E, se não for, que essa acusação terrível não tenha chance de pairar sobre sua cabeça de falso loiro.

QUALQUER NOTA

Beijos suspeitos
Por que será que a Ana Paula Arósio só tasca uns beijos de língua no novo namorado, o colega global Marcos Palmeira, quando percebe a presença de algum fotógrafo?

Uma vez Flamengo
Olha só o título que saiu na edição portuguesa da revista "Caras": "Stéphanie mostra-se uma mãe galinha". Não, não é o que você está pensando. Segundo a publicação, a princesinha de Mônaco é "uma mãe devotada, que acompanha os filhos em todos os momentos". Ah bom!

Novo em folha
Não durmo enquanto alguém não me contar o que o Silvio Santos fez para ficar tão rejuvenescido e bem-disposto.


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