São Paulo, Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
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Polícia também não quis levar, diz pai

ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local

A polícia esteve ontem na casa da família de R. e, segundo seu pai, o vendedor de plástico Oswaldo S., 57, não quis levá-lo para a Febem, como a família queria.
"Eles estiveram aqui hoje (ontem) de manhã falando que meu filho era suspeito de um roubo de ferramentas. O menino disse que só ia ajudar a vender e levou a polícia até onde as ferramentas estavam escondidas", conta.
Segundo ele, os policiais disseram que não podiam levar R. para a Febem. "Disseram que a gente é que tinha de resolver isso."
A família de R. mora em um barraco numa favela no Jardim Maria Helena, em Diadema (Grande São Paulo).
Ele tem 14 irmãos, de dois casamentos do pai -seis moram no mesmo barraco.
O mais novo, D., 13, está internado no hospital por ter levado um tiro no braço. "Ele não é envolvido com droga, mas gosta de arma. Se bem que, em casa, ele nunca entrou armado. Eu nunca deixaria isso acontecer."
Segundo Oswaldo, a família quis a internação de R. "Ele já foi parar na delegacia várias vezes por roubo e drogas, mas a polícia mandava o menino para casa."
De acordo com a Procuradoria de Assistência Judiciária, R. estava sob regime de liberdade assistida até que, em uma entrevista, sua mãe disse que ele continuava cometendo delitos e ele foi punido com internação na Imigrantes.
Oswaldo prefere que o filho fique preso. "É melhor ter o filho em um lugar que não é bom do que na rua, podendo ser morto na porta de casa", diz.
O vendedor conta que seu filho já havia sido ameaçado de morte em sua casa. "Uma vez invadiram meu barraco de madrugada e colocaram uma arma na cabeça dele. Eu botei o cara para correr. Não podia suportar que fizessem isso com meu filho na minha frente."
Oswaldo afirma que daria dinheiro para a Febem. "Sou pobre, mas daria uma contribuição, se fosse preciso, para que eles cuidassem do meu filho. "
Ele ganha cerca de R$ 1.000 por mês e diz que os outros filhos nunca trouxeram problema. R. começou a "dar problema" aos 13 anos. "Antes ele era trabalhador."



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