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INFÂNCIA
Tribunal de Justiça suspendeu decisão do ex-juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, de Jundiaí (SP)
Garoto volta para casa após 2 anos e meio
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
O Tribunal de Justiça suspendeu a
decisão do ex-juiz da Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí
Luiz Beethoven Giffoni Ferreira e
restabeleceu a guarda do menino
C., 4, para sua mãe Rita de Cássia
de Freitas, 20.
Esta é a sexta criança que volta a
morar com a família após o juiz
ter sido transferido para a 18ª Vara Cível de São Paulo, em janeiro.
Ferreira está sendo investigado
pela CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) do Judiciário e pela
Corregedoria do Tribunal de Justiça por possíveis irregularidades
em processos de adoção e destituição de pátrio poder (retirar a
guarda dos responsáveis pelas
crianças) em Jundiaí.
Os desembargadores devem decidir hoje, em sessão plenária, se
abrem processo administrativo
contra o juiz. Caso isso aconteça,
ele deve ser afastado até sua conclusão.
Após a decisão do tribunal, C.
voltou a morar com a mãe na semana passada depois de viver por
dois anos e meio em abrigos transitórios de Jundiaí.
"Tentei colocar meu filho em
uma creche na Vara da Infância
porque tinha que trabalhar. Assinei um papel em branco e, quando vi, meu filho havia sido enviado para casas transitórias sob a
alegação de que eu não tinha condição financeira", disse Rita.
O juiz é acusado por um grupo
de pelo menos 60 famílias, chamado "Mães da Praça do Fórum",
por agir de forma arbitrária na retirada da guarda de suas crianças.
Além de C., puderam voltar para a casa o garoto E., 9, que foi
adotado por tios, T., 3, e outras
três crianças.
As ações com recurso ao processo de destituição de pátrio poder foram feitas pela Procuradoria de Justiça do Estado, com exceção de C., que foi particular. A
Procuradoria também tenta reverter o caso da menina E., 3, que
foi adotada por um casal alemão,
mas em seguida teve o processo
de sua destituição de pátrio poder
anulada pelo TJ.
Quando o TJ modificou a sentença do juiz Beethoven Ferreira,
a criança já estava na Alemanha.
Segundo a procuradora Maria
Dolores Maçano, que atende a um
grupo das mães, os processos das
crianças puderam ser revertidos
por causa de provas frágeis alegadas pelo juiz Ferreira para tirar os
filhos de suas famílias.
A Procuradoria também encontrou outras irregularidades, como
a ausência de citação das famílias
originais das crianças e processos
de destituição que foram concluídos em menos de 24 h.
O juiz Ferreira foi procurado
ontem à tarde pela Folha, mas
não foi localizado. Sua secretária,
identificada como Sônia, informou que ele estava em uma reunião e não iria atender a reportagem. A secretária informou ainda
que o juiz não iria se manifestar
em qualquer tipo de matéria jornalística.
A única vez que o juiz falou com
a Folha foi em 3 de abril do ano
passado. Na ocasião, ele negou as
acusações de que estaria envolvido em casos de envio irregular de
crianças para o exterior.
Naquela época ele ainda trabalhava na comarca de Jundiaí.
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