São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMPORTAMENTO

Em desenfreada corrida contra o tempo, algumas entregam-se repetidas vezes a novidades da cirurgia estética

Busca da juventude vira compulsão para mulheres

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA

Uma semana antes de casar-se pela segunda vez, aos 45, com um homem cinco anos mais novo, a professora de música Estera Gotlib se submeteu a um lifting (levantamento da pele do rosto). Àquela altura da vida, Estera, 56, já havia feito uma cirurgia para reduzir o nariz, outra para aumentar os seios e duas lipos -no abdome e nas coxas. Recentemente, repetiu o lifting. "Faço tudo para parecer mais jovem. Ninguém me dá a idade que tenho."
Estera pertence a uma geração de mulheres que, na desenfreada corrida contra o tempo, entregam-se compulsivamente a novidades na área de cirurgia estética e cosmiatria. Mesmo que tantas correções produzam um resultado que possa ser considerado artificial, não importa: qualquer coisa, menos parecer velha.
"O problema é que o padrão de beleza e juventude se tornou artificial", diz o cirurgião plástico Eduardo Fakiani. As mulheres agem cada vez mais rápido contra os sinais de envelhecimento: rugas na testa são combatidas com botox, aquele vinco perto da boca é preenchido com restylane (ácido hialurônico) e o brilho da pele é recuperado com peelings.
Mais eficazes que os cremes e menos dolorosos que cirurgia, esses procedimentos são rápidos -alguns duram 15 minutos-, têm preços melhores, não exigem internação ou anestesia e apresentam efeitos quase imediatos.
Embora gostem de afirmar que "beleza é algo que vem de dentro", as mulheres que perseguem a juventude concordam que não há alegria de viver que resista a uma pálpebra caída. "Faço botox porque acho uma delícia parecer mais jovem. A gente fica um ser humano legal com todo mundo, a pele brilha, os olhos também", diz a decoradora Flávia Campana, 51.
Pelo menos três das entrevistadas encheram a boca para dizer a frase: "Todo mundo pensa que eu sou mãe dos meus netos." É o caso de Beth Szafir, a avó de Sasha. Na sala de seu apartamento, nos Jardins, repleta de fotos dela, Beth diz que até hoje nunca fez plástica e está em regime para se submeter à primeira. Acende um cigarro, conta que faz bronzeamento artificial e usa apenas botox e preenchimento.
Embora diga que não tem medo de envelhecer, Beth confessa que mente a idade. "Digo que estou com 53, mas tenho bem mais."
O efeito psicológico da plástica nas mulheres é incontestavelmente positivo. Isso porque a relação delas com o espelho, segundo os médicos, é muito particular. A imagem que ele mostra nem sempre é a que elas vêem.
Em alguns casos, olhar para cada detalhe do rosto pode atrapalhar na auto-avaliação do todo. Muitas mulheres prestam atenção apenas à parte operada, esquecendo-se de observar a proporção do conjunto. "Não dá para preencher uma ruga aqui, um sulco ali, tirar um pedaço de pele embaixo, outro nos olhos e achar que vai ficar harmônico", diz Fakiani.


LEIA a reportagem completa da Revista no site www.uol.com.br/revista


Texto Anterior: Estilo é gótico "antropofágico"
Próximo Texto: O que é possívle fazer no rosto
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.