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PARÁ
Dona-de-casa pede cautela contra crianças em texto de 85
Livro será usado contra suposta envolvida em castração de meninos
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Um livro publicado em 1985 é o
trunfo da acusação contra a dona-de-casa Valentina de Andrade, 72,
no julgamento do grupo acusado
de castrar e matar meninos em
Altamira (PA), que recomeça hoje, em Belém.
Ela é apontada como líder do
grupo pelo Ministério Público,
que pretende demonstrar -por
meio da leitura de "Deus, a Grande Farsa", de autoria de Andrade- seu suposto envolvimento
com a prática de magia negra.
Andrade é a quinta e última pessoa acusada de participar dos crimes a ser julgada pelo Tribunal do
Júri. Os outros quatro foram condenados: o ex-policial militar Carlos Alberto dos Santos, a 35 anos
de prisão; o comerciante Amailton Madeira Gomes, a 57; os médicos Anísio Souza, a 77, e Césio
Brandão, a 56. Eles se dizem inocentes e avisam que vão recorrer.
Os crimes ocorreram entre 1989
e 1993 e incluem a castração de
nove meninos e o assassinato de
seis deles. As vítimas tinham entre
oito e 14 anos.
A acusação sustenta que Andrade é ligada à suposta seita LUS (Lineamento Universal Superior),
com sede na Argentina, e que ela
teria sido vista em rituais de magia negra.
A leitura do livro de Andrade,
segundo a acusação, indica sua
predisposição contra crianças.
"Acautelem-se com as crianças,
elas são instrumentos inconscientes da grande farsa denominada
Deus e seus nefandos colaboradores", diz um trecho do livro.
O advogado de defesa, Américo
Leal, afirmou que o texto assinado
por sua cliente está sendo usado
fora de contexto.
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