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Metrô parado causa pânico e quebradeira
A interrupção da circulação da linha vermelha, a maior de SP, durou mais de 2 horas e afetou 150 mil pessoas
Foram danificados
17 trens; Metrô diz que
blusa iniciou caos;
funcionário relata uma
interferência técnica
DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A paralisação por mais de
duas horas dos trens de toda
a linha 3-vermelha, a maior e
mais movimentada do Metrô
de São Paulo, afetou ao menos 150 mil usuários nesse
período e provocou lentidão
ao longo da tarde e da noite.
Em meio a pânico, passageiros de trens que ficaram
parados entre estações -em
trechos de túnel ou a céu
aberto- acionaram botões
de emergência para abrir as
portas dos vagões e passaram a caminhar pelos trilhos.
Ao menos 17 trens foram
danificados, tanto por vandalismo quanto pelas tentativas de arrombar janelas e
portas para escape. A maior
parte foi tirada de circulação.
Sete pessoas foram atendidas por médicos pela manhã.
EXPLICAÇÃO OFICIAL
O caos começou quando
um trem que saiu da estação
Pedro 2º em direção à Sé parou dentro do túnel, às 7h50.
Na versão divulgada pelo
Metrô, a paralisação ocorreu
porque uma blusa estava
presa em uma porta do último vagão e foi detectada pelo sistema quando a composição estava em movimento.
Nesse caso, uma explicação
possível é falha no sensor de
objetos das portas.
Um funcionário, diz a
companhia, foi ao local retirar a peça, mas usuários dentro do trem pressionaram os
botões de emergência nos vagões para abrir as portas.
O Metrô diz que teve, então, de cortar a energia da linha para evitar que as pessoas fossem eletrocutadas ao
caminhar pelos trilhos. Isso
fez com que outros trens parassem e ficassem sem ventilação, provocando um efeito
cascata. Boatos de incêndio e
de bomba se espalharam.
Um técnico do Metrô relatou à Folha que, além da blusa na porta, um problema antecedeu os transtornos.
Segundo ele, houve uma
interferência num equipamento da via identificado como X-21, onde se permite a
mudança entre os trilhos, na
proximidade da estação Sé.
O condutor do trem que se
aproximava, diz ele, recebeu
a informação de que um obstáculo impedia prosseguir a
viagem. Por isso, parou.
O Metrô, em nota, negou
qualquer falha -inclusive
nos equipamentos da via.
TEMPO DE ESPERA
O Metrô não revelou por
quanto tempo os usuários ficaram parados no trem antes
de acionarem os botões de
emergência. Em muitas composições, a espera foi longa.
"Ficamos parados entre a
Brás e a Pedro 2º, mais de 15
minutos. Parecia sauna",
disse a estudante Maitê de
Deus, 24. "As pessoas tentavam quebrar as janelas à força porque as travas não
abriam. Até cortaram a
mão", contou Aline Moraes,
33, auxiliar administrativa.
Dezenas de usuários reclamaram da falta de informações. O Metrô diz que foram
emitidas mensagens de som.
Para evitar a aglomeração,
as portas das 18 estações foram fechadas até as 10h30.
Ônibus extras foram colocados em circulação.
Ontem, com o problema
no metrô e a chuva, o trânsito
também foi maior que a média em alguns horários.
A linha vermelha, que liga
a zona leste ao centro, é uma
das mais lotadas do mundo.
Em horários de pico, carrega quase 10 pessoas por m2
-especialistas dizem que o
aceitável é até 6 por m2.
As linhas 1-azul e 2-verde
foram pouco afetadas.
(TALITA BEDINELLI, ALENCAR IZIDORO, JOSÉ BENEDITO DA SILVA, CRISTINA MORENO DE CASTRO, CAROLINA
LEAL e RAPHAEL VELEDA)
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