São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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Metrô parado causa pânico e quebradeira

A interrupção da circulação da linha vermelha, a maior de SP, durou mais de 2 horas e afetou 150 mil pessoas

Foram danificados 17 trens; Metrô diz que blusa iniciou caos; funcionário relata uma interferência técnica

DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A paralisação por mais de duas horas dos trens de toda a linha 3-vermelha, a maior e mais movimentada do Metrô de São Paulo, afetou ao menos 150 mil usuários nesse período e provocou lentidão ao longo da tarde e da noite.
Em meio a pânico, passageiros de trens que ficaram parados entre estações -em trechos de túnel ou a céu aberto- acionaram botões de emergência para abrir as portas dos vagões e passaram a caminhar pelos trilhos.
Ao menos 17 trens foram danificados, tanto por vandalismo quanto pelas tentativas de arrombar janelas e portas para escape. A maior parte foi tirada de circulação.
Sete pessoas foram atendidas por médicos pela manhã.

EXPLICAÇÃO OFICIAL
O caos começou quando um trem que saiu da estação Pedro 2º em direção à Sé parou dentro do túnel, às 7h50.
Na versão divulgada pelo Metrô, a paralisação ocorreu porque uma blusa estava presa em uma porta do último vagão e foi detectada pelo sistema quando a composição estava em movimento. Nesse caso, uma explicação possível é falha no sensor de objetos das portas.
Um funcionário, diz a companhia, foi ao local retirar a peça, mas usuários dentro do trem pressionaram os botões de emergência nos vagões para abrir as portas.
O Metrô diz que teve, então, de cortar a energia da linha para evitar que as pessoas fossem eletrocutadas ao caminhar pelos trilhos. Isso fez com que outros trens parassem e ficassem sem ventilação, provocando um efeito cascata. Boatos de incêndio e de bomba se espalharam.
Um técnico do Metrô relatou à Folha que, além da blusa na porta, um problema antecedeu os transtornos.
Segundo ele, houve uma interferência num equipamento da via identificado como X-21, onde se permite a mudança entre os trilhos, na proximidade da estação Sé.
O condutor do trem que se aproximava, diz ele, recebeu a informação de que um obstáculo impedia prosseguir a viagem. Por isso, parou.
O Metrô, em nota, negou qualquer falha -inclusive nos equipamentos da via.

TEMPO DE ESPERA
O Metrô não revelou por quanto tempo os usuários ficaram parados no trem antes de acionarem os botões de emergência. Em muitas composições, a espera foi longa.
"Ficamos parados entre a Brás e a Pedro 2º, mais de 15 minutos. Parecia sauna", disse a estudante Maitê de Deus, 24. "As pessoas tentavam quebrar as janelas à força porque as travas não abriam. Até cortaram a mão", contou Aline Moraes, 33, auxiliar administrativa.
Dezenas de usuários reclamaram da falta de informações. O Metrô diz que foram emitidas mensagens de som.
Para evitar a aglomeração, as portas das 18 estações foram fechadas até as 10h30. Ônibus extras foram colocados em circulação.
Ontem, com o problema no metrô e a chuva, o trânsito também foi maior que a média em alguns horários.
A linha vermelha, que liga a zona leste ao centro, é uma das mais lotadas do mundo.
Em horários de pico, carrega quase 10 pessoas por m2 -especialistas dizem que o aceitável é até 6 por m2.
As linhas 1-azul e 2-verde foram pouco afetadas.
(TALITA BEDINELLI, ALENCAR IZIDORO, JOSÉ BENEDITO DA SILVA, CRISTINA MORENO DE CASTRO, CAROLINA LEAL e RAPHAEL VELEDA)


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