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VIOLÊNCIA
Para entidade que atua na área de direitos humanos, truculência é usada como política de segurança
No Rio, policial que mata recebe promoção, diz ONG
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A violência policial é usada como política de segurança no Estado do Rio. Toda vez que ocorrem
mortes em confrontos com a polícia, as autoridades comemoram e,
em vez de punidos, os acusados
são promovidos. As conclusões
são do relatório "Violência Policial e Insegurança Pública", divulgado ontem pela ONG (organização não-governamental) Justiça
Global no Rio e em Washington.
O documento relata mortes supostamente cometidas por policiais. Informa que pedirá à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) para acompanhar no Rio as apurações sobre os casos e propor ações
aos governos federal e estadual.
A Justiça Global é uma ONG
brasileira especializada em fazer
denúncias a entidades internacionais que, entre outras atribuições,
tratam da proteção aos direitos
humanos, como a OEA e a ONU
(Organização das Nações Unidas). Criada há cinco anos, ela
conta com sociólogos, advogados
e historiadores e tem representações nos EUA e no Reino Unido.
"Autos de resistência"
Segundo dados da Justiça Global, o número de mortos em confrontos com a polícia -os chamados autos de resistência- triplicou de 1998 a 2003. Em 1998,
foram 397 vítimas. No ano passado, 1.195 (crescimento de 200%).
No relatório, a Justiça Global
sustenta que as autoridades da
área de segurança se valem dos
autos de resistência para mascarar os assassinatos cometidos por
policiais. Segundo a ONG, na
maioria dos casos, as vítimas são
baleadas na cabeça, nuca ou costas, sem chances de defesa.
A diretora da ONG, Sandra Carvalho, disse que uma das provas
da truculência policial é a discrepância entre os números de civis e
de policiais mortos em confrontos. No ano passado, enquanto
1.195 pessoas, disse ela, morreram
em confrontos, só 45 policiais foram mortos em tiroteios.
No documento, a Justiça Global
faz recomendações à Secretaria de
Segurança Pública do Rio para reduzir a violência policial. Entre
elas, o controle externo da atividade policial por parte do Ministério Público.
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