São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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VIOLÊNCIA

Para entidade que atua na área de direitos humanos, truculência é usada como política de segurança

No Rio, policial que mata recebe promoção, diz ONG

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A violência policial é usada como política de segurança no Estado do Rio. Toda vez que ocorrem mortes em confrontos com a polícia, as autoridades comemoram e, em vez de punidos, os acusados são promovidos. As conclusões são do relatório "Violência Policial e Insegurança Pública", divulgado ontem pela ONG (organização não-governamental) Justiça Global no Rio e em Washington.
O documento relata mortes supostamente cometidas por policiais. Informa que pedirá à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) para acompanhar no Rio as apurações sobre os casos e propor ações aos governos federal e estadual.
A Justiça Global é uma ONG brasileira especializada em fazer denúncias a entidades internacionais que, entre outras atribuições, tratam da proteção aos direitos humanos, como a OEA e a ONU (Organização das Nações Unidas). Criada há cinco anos, ela conta com sociólogos, advogados e historiadores e tem representações nos EUA e no Reino Unido.

"Autos de resistência"
Segundo dados da Justiça Global, o número de mortos em confrontos com a polícia -os chamados autos de resistência- triplicou de 1998 a 2003. Em 1998, foram 397 vítimas. No ano passado, 1.195 (crescimento de 200%).
No relatório, a Justiça Global sustenta que as autoridades da área de segurança se valem dos autos de resistência para mascarar os assassinatos cometidos por policiais. Segundo a ONG, na maioria dos casos, as vítimas são baleadas na cabeça, nuca ou costas, sem chances de defesa.
A diretora da ONG, Sandra Carvalho, disse que uma das provas da truculência policial é a discrepância entre os números de civis e de policiais mortos em confrontos. No ano passado, enquanto 1.195 pessoas, disse ela, morreram em confrontos, só 45 policiais foram mortos em tiroteios.
No documento, a Justiça Global faz recomendações à Secretaria de Segurança Pública do Rio para reduzir a violência policial. Entre elas, o controle externo da atividade policial por parte do Ministério Público.


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