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ANÁLISE
Unificação da ortografia é gesto político
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Uma língua é muito mais que
a sua ortografia. É um sistema
de representação verbal que
permite a comunicação entre
os indivíduos. Como conjunto
de mecanismos e recursos expressivos que traduzem a cultura de um povo, uma língua,
quando falada em diferentes
países, assume características
próprias, decorrentes da trajetória histórica de cada um.
O português falado em Portugal, no Brasil, em Moçambique, em Angola, na Índia ou na
China é uma só língua. Variações ficam por conta da extensão do léxico, da grafia, do uso
mais ou menos corrente de certas expressões ou estruturas
sintáticas, da pronúncia, bem
como da incorporação da influência de outras línguas.
Unificar a grafia do português nos países lusófonos é antes um gesto político, no qual
parece estar o mérito da ação.
Afinal, estimula-se assim a mobilização em torno de um fator
de identidade nacional e a
conscientização da vitalidade
do idioma e dos traços comuns
entre as culturas que se expressam por meio dele. Isso tende a
fazer surgir um maior intercâmbio entre as obras literárias
produzidas nesses países.
Outros aspectos da questão
são o desgaste de reaprender
algo que já está automatizado e
o custo econômico de substituir os livros, sobretudo os didáticos, que envelhecem.
Mas, passada a fase de transição, o saldo deve ser positivo.
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