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Justiça veta novos quiosques em Salvador
Falta de licença ambiental fez com que projeto de revitalização de 540 barracas de praia fosse embargado na Bahia
Prefeito deu prazo de oito dias para obter licença, mas Ibama alega que barracas não possuem um projeto ambiental adequado
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Bancada por duas cervejarias, que investiram ao todo R$
10 milhões no projeto, a revitalização dos 540 quiosques de
praia de Salvador foi embargada pela Justiça por falta de licença ambiental.
De acordo com a prefeitura
da cidade, a Ambev e a Skin, em
troca da exclusividade da comercialização dos seus produtos nos estabelecimentos, pretendem substituir os antigos
quiosques (feitos de madeira,
com cobertura de palha) por
construções de alvenaria (de
23, 36 e 57 metros quadrados),
pisos cimentados, dois sanitários (masculino e feminino) e
azulejos na cozinha.
A primeira etapa do projeto
prevê a construção de 237 novos quiosques até o final do
próximo verão -27 já foram
entregues aos proprietários.
"O problema é que todas as
barracas estão sendo construídas com fossas sépticas, dentro
de uma área da União, e sem
um projeto ambiental adequado", declarou o superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na
Bahia, Célio Costa Pinto.
"Construídas na areia, as fossas sépticas contaminam o lençol freático e alteram a balneabilidade das praias", afirma.
Desrespeito
A AGU (Advocacia Geral da
União), que solicitou o embargo, alega que as novas construções desrespeitam a legislação
ambiental e, por estarem em
área de propriedade da União,
necessitam que os projetos sejam aprovados pela GRPU (Gerência Regional do Patrimônio
da União).
O prefeito de Salvador, João
Henrique Carneiro (PDT), que
chegou a desafiar a decisão judicial ao pedir que os barraqueiros continuassem as obras,
recuou no começo da semana
passada, mas deu um prazo de
oito dias para a obter a concessão da licença ambiental.
"São 20 mil pessoas que dependem das barracas de praia
da cidade para sobreviver. É
uma questão social", declarou o
prefeito.
Licença
Para o superintendente do
Ibama, o prazo estipulado pelo
prefeito é muito curto. "Não vamos atropelar os fatos, ninguém consegue elaborar, discutir e aprovar uma licença ambiental em tão pouco tempo."
Costa Pinto disse também
que, em alguns trechos da orla,
as cervejarias não poderão
construir barracas. "Algumas
edificações encobrem a linha
do horizonte e tiram a beleza da
orla de Salvador. Não vamos
aceitar a privatização da orla",
afirma.
O presidente da Associação
dos Comerciantes das Barracas
de Praia de Salvador, Wérico
Rodrigues, cobrou uma solução
imediata para o impasse entre
Justiça e prefeitura. "A questão
aflige centenas de famílias. A
degradação da orla de Salvador
é antiga, a prefeitura quer apenas melhorar a situação."
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