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Mototáxi é informal, afirma Denatran
O transporte de passageiros em motocicletas está presente em 70% das cidades brasileiras e emprega 500 mil pessoas
Cidades regulamentaram
a atividade, mas Contran proíbe motos de fazerem
o transporte comercial
de passageiros
FRANCISCO FIGUEIREDO
DA AGÊNCIA FOLHA
Rápido e barato, o transporte
urbano de passageiros em motocicletas está presente hoje
em 70% das cidades brasileiras
e emprega 500 mil pessoas, segundo a Fenamoto (Federação
Brasileira dos Mototaxistas e
Motoboys).
Cidades em todas as regiões
do país já regulamentaram a
atividade. Mas, na opinião do
diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito),
Alfredo Peres da Silva, o mototáxi continua na informalidade.
Isso porque, segundo Peres,
todas as vezes em que o STF
(Supremo Tribunal Federal)
discutiu o tema, decidiu que
Estados e municípios não têm
competência para criar uma
nova categoria de transporte.
Continua em vigor uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que veda o
uso de motos para o transporte
comercial de passageiros.
"Queremos ajudar a resolver
a situação, mas a regulamentação econômica da atividade depende de uma lei federal que
deixe tudo esclarecido", disse.
Um projeto de lei de 2002,
que propõe a criação do serviço,
já foi aprovado no Senado e
aguarda votação na Comissão
de Viação e Transportes da Câmara. Tem o apoio da Fenamoto -apesar de o presidente da
entidade, Robson Alves, entender que as leis municipais já são
suficientes. Segundo a entidade, o mototáxi começou a ganhar força a partir de 1997.
Para Jaime Waisman, professor de engenharia de transportes da Escola Politécnica da
USP, o crescimento do mototáxi está relacionado ao aumento
do número de motos no país.
"Talvez seja o bem durável
mais vendido no Brasil, depois
do celular, e uma parte vira mototáxi", disse. A opinião é compartilhada pelo presidente do
Denatran. "Precisamos nos
acostumar. Vamos conviver cada vez mais com as motos",
afirmou Alfredo Peres da Silva.
Segundo Waisman, as poucas
pesquisas sobre o tema no Brasil indicam que o mototáxi é
importante para as classes de
renda mais baixa, que não são
bem atendidas pelo transporte
público. Além de rápido e barato, ele chega a locais inacessíveis aos ônibus. Mas o professor diz ter dúvidas sobre a validade da regulamentação. "Em
geral, regulamentar é dar carta
branca", disse ele, que não acredita que a fiscalização poderá
dar conta dos abusos.
Para o superintendente da
ANTP (Associação Nacional
dos Transportes Públicos),
Marcos Bicalho, é preciso tratar o mototáxi como uma realidade. "O problema é que o desemprego aparece como justificativa para que se regulamente", disse ele, que entende ser
competência dos municípios a
criação da atividade.
A falta de segurança também
é a preocupação de Dirceu Rodrigues Alves, chefe do Departamento de Medicina Ocupacional da Abramed (Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego). Segundo ele, 73% dos acidentados em motos têm lesões
graves nos membros inferiores.
"Se já nos preocupamos com o
motoqueiro, o que dizer do carona, que não tem treinamento?", questionou.
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