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Fogos de artifício auxiliam fugas
DA REPORTAGEM LOCAL
O consagrado grito "olha o rapa" voltou à 25 de Março. Ontem,
o recurso, aliado ao uso de fogos
de artifício, ajudou camelôs clandestinos a driblar a fiscalização da
prefeitura. A cada movimentação
dos agentes vistores e policiais, o
estouro de bombinhas sucedia à
corrida dos ambulantes.
O corre-corre foi possível por
causa da tática adotada na fiscalização. Ao invés de espalhar os
cerca de 300 agentes e policiais pela rua, a prefeitura optou por movimentá-los em um único bloco.
Como a 25 de Março é extensa,
o pelotão demora nos deslocamentos, permitindo que os ambulantes fujam e retornem assim
que a situação se acalmar. "Não
vou deixar levar as minhas coisas.
Isso aí [fiscalização] é besteira",
disse Luzinete da Silva, 38, que
vendia cintos de tricô pendurados
em duas araras, levadas às pressas
ao menor sinal do "rapa".
De acordo com subprefeito da
Sé, Sérgio Torrecillas, a tática da
fiscalização é não permitir que as
barracas sejam montadas entre às
7h e 17h. Os equipamentos móveis -tabuleiros, araras e tripés- são difíceis de serem
apreendidos. Mas, segundo ele, a
presença dos agentes vistores dificulta o trabalho dos camelôs, que
acabam vencidos pelo cansaço.
A rua é repleta de depósitos de
ambulantes, que ficam nos prédios, agora usados de esconderijos do "rapa". Por volta das 16h, o
pelotão de fiscais aproximou-se
da Galeria Pajé e promoveu uma
das cenas mais curiosas do dia.
Assim que foram vistos a duas
quadras do local, fogos de artifício
foram acesos e começou a gritaria. Cerca de 30 ambulantes subiram a rua da Quitanda carregando as mercadorias. Do alto da rua,
xingavam e ironizavam os fiscais.
A escolha de quem sofrerá a fiscalização parece aleatória. Sidnei
(ele não quis se identificar) foi autuado às 17h. Ele é proprietário de
uma Kombi adaptada para vender sorvete de casquinha. Os fiscais levaram, segundo ele, cerca
de três litros de sorvete. "Passei o
dia inteiro aqui e não fizeram nada. Vai ver estavam com vontade
de tomar sorvete."
(SD)
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