São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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Código de ética prevê monogamia

DA REPORTAGEM LOCAL

Um código de ética estabelecido entre crianças e adolescentes que vivem nas ruas vem se revelando um fator de proteção importante para o grupo. Ninguém troca ou negocia comida, por exemplo. Quem consegue, divide com a turma. A monogamia é considerada um valor importante "Homem que é homem não divide a mulher com ninguém."
"As relações duram pouco, especialmente entre os mais jovens, mas enquanto duram são monogâmicas", diz o sociólogo Mário Mendes Raucci, 55, três filhos. Embora o sexo estivesse presente nas relações, o "casal de namorados" é mais identificado pela afetividade e cumplicidade.
Meninas não são expostas a situações violentas como assaltos, mas colaboram no planejamento.
O mesmo código estabelece que um colega não deve delatar outro, deve saber trabalhar em grupo, aceitar ordens e ter humildade.
Há valores morais, como "pedir é melhor que roubar". Ou, "não roubo trabalhador", embora roubem. "Mesmo os que reconheceram que já roubaram, dizem que roubar é errado", diz Raucci.
Embora a rua possa parecer um "cenário de liberdade", a sobrevivência está sempre ameaçada. Eles precisam ser aceitos no grupo, conseguir comida, um espaço para dormir, escapar da polícia, dos "bandidos" e dos mais fortes.
A pesquisa de Raucci confirma que a rua é uma escola para o crime, mas não à maioria. No grupo estudado, 40% já se envolveram com atividades criminosas e mais de 30% já passaram por instituições como a Febem. E 70% faziam algum tipo de trabalho lícito, mas essa porcentagem cai à medida que ficam mais velhos. (AB)


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