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Código de ética prevê monogamia
DA REPORTAGEM LOCAL
Um código de ética estabelecido entre crianças e adolescentes
que vivem nas ruas vem se revelando um fator de proteção importante para o grupo. Ninguém
troca ou negocia comida, por
exemplo. Quem consegue, divide
com a turma. A monogamia é
considerada um valor importante
"Homem que é homem não divide a mulher com ninguém."
"As relações duram pouco, especialmente entre os mais jovens,
mas enquanto duram são monogâmicas", diz o sociólogo Mário
Mendes Raucci, 55, três filhos.
Embora o sexo estivesse presente
nas relações, o "casal de namorados" é mais identificado pela afetividade e cumplicidade.
Meninas não são expostas a situações violentas como assaltos,
mas colaboram no planejamento.
O mesmo código estabelece que
um colega não deve delatar outro,
deve saber trabalhar em grupo,
aceitar ordens e ter humildade.
Há valores morais, como "pedir
é melhor que roubar". Ou, "não
roubo trabalhador", embora roubem. "Mesmo os que reconheceram que já roubaram, dizem que
roubar é errado", diz Raucci.
Embora a rua possa parecer um
"cenário de liberdade", a sobrevivência está sempre ameaçada.
Eles precisam ser aceitos no grupo, conseguir comida, um espaço
para dormir, escapar da polícia,
dos "bandidos" e dos mais fortes.
A pesquisa de Raucci confirma
que a rua é uma escola para o crime, mas não à maioria. No grupo
estudado, 40% já se envolveram
com atividades criminosas e mais
de 30% já passaram por instituições como a Febem. E 70% faziam
algum tipo de trabalho lícito, mas
essa porcentagem cai à medida
que ficam mais velhos.
(AB)
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