São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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SP projeta explosão demográfica no litoral

Com pré-sal, até 2020 a população de 1,74 milhão de pessoas deve aumentar 25%, ante 11,6% que eram estimados pelo Seade

Estado pretende dividir o litoral po setores para tentar organizar o crescimento populacional motivado pela exploração de gás e petróleo

Adriano Vizoni - 28.set.09/Folha Imagem
Carros fazem fila para travessia na balsa Santos-Guarujá; região deve ter aumento populacional

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa do boom da economia ancorado na exploração das reservas de petróleo e gás fez o governo paulista dobrar a perspectiva de salto populacional para o litoral de São Paulo. Até 2020, a população, hoje de 1,74 milhão de pessoas, deve aumentar até 25%, ante 11,6% que eram estimados pelo Seade, órgão do governo -para o Estado, previsão é de 9%.
Caso as projeções se confirmem, será como levar uma cidade do tamanho de Santos ao litoral paulista, região com indicadores sociais quase sempre abaixo da média do Estado e graves problemas ambientais.
Os cenários que projetam um novo desenho da ocupação e da economia do litoral foram elaborados pela Cespeg, uma comissão formada por técnicos do governo do Estado em 2008.
Desde então, o grupo se debruçou sobre como o volume de investimentos no pré-sal, estimado em dezenas de bilhões de reais na bacia de Santos, vai redesenhar a costa.
Se por um lado se espera a criação de 70 mil empregos, boa parte deles de alta capacitação, os técnicos estimam que devem ser atraídos contingentes de baixa renda, atraídos pela perspectiva de ocupação.
Hoje, há graves problemas de qualidade da água (Baixada Santista), baixa cobertura de esgotos (todo litoral norte) e de habitação (Cubatão tem 60% de sua população em favelas, que também se espalham por núcleos em São Sebastião).
Em todos os cenários, a migração sem controle para uma região com baixa oferta de água, sem cobertura de esgoto e quase nenhuma área livre para núcleos de habitação popular.
"Interagir benefícios sociais e econômicos e minimizar ou eliminar impactos sociais e ambientais são nosso grande desafio", diz o coordenador da Cespeg, José Roberto dos Santos.
O temor se justifica. Sem planejamento, a industrialização da Baixada Santista e a abertura da Rio-Santos, o porto de São Sebastião e grandes condomínios no litoral a partir da década de 1960 atraíram grande contingente populacional.
Após as obras, os migrantes decidiram ficar, mas na serra do Mar. Décadas depois, o problema continua sem solução à vista.
A transferência de pessoal com alta qualificação já começou em Caraguatatuba, por conta da base de gás, e terá impulso em Santos, que vai abrigar o centro operacional do pré-sal, um conjunto de prédios para 2.000 funcionários da Petrobras no Valongo.
Além da base de gás, que começa a operar em 2010, está em obras o gasoduto entre o litoral norte e o Vale do Paraíba. Está prevista a ampliação dos portos de Santos e São Sebastião e uma estrada de 28 km no litoral norte e ao menos 70 novas empresas ligadas ao petróleo.
Enquanto não chegam os royalties e as prometidas contrapartidas, as cidades já sofrem, diz o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PPS). "Os reflexos negativos começaram antes. Você não conseguia contratar médicos, e já perdemos alguns para o ambulatório que a Petrobras montou em Caraguá. Vão alugar o litoral", diz.
Para tentar conter o avanço, o plano do Estado, que será lançado em 2010 pelo governador José Serra (PSDB), pretende dividir o litoral em regiões.
Ubatuba, Ilhabela e a costa sul de São Sebastião manteriam o turismo como principal atividade econômica.
A Baixada Santista e o litoral sul ficam com ao menos três estaleiros, novas indústrias e as bases de apoio aéreo para a aviação civil da Petrobras.


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