São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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CRIME
Estatística de comissão independente mostra reversão na queda do número de homicídios, roubos e sequestros
Índices de violência registram aumento de até 26% no Rio na gestão Garotinho

William Moura/"Ag. O Globo"
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RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio

Estatística elaborada por uma comissão independente criada a pedido do governo do Estado mostrou que os índices de violência no Rio de Janeiro aumentaram na gestão Garotinho.
Os dados recolhidos pela comissão -com base nos Registros de Ocorrência da Polícia Civil, computados do início da década de 90 até setembro deste ano- indicam que os três índices medidos aumentaram em relação ao início do ano.
Os indicadores de violência usados na pesquisa são "crimes letais intencionais" (que resultam em morte), "crimes não-letais contra a pessoa" (que envolvem dano físico ou grave ameaça) e "crimes violentos contra o patrimônio" (roubos, extorsões e sequestros).
A pesquisa totaliza os índices por trimestres. O percentual indica a variação de um trimestre em relação a período idêntico do ano anterior.
O primeiro índice, que engloba homicídio doloso e morte suspeita, entre outros itens, registrava percentual de queda de 11,1% em janeiro. Como a taxa é uma média trimestral, refere-se também aos meses de novembro e dezembro de 98, comparado ao mesmo trimestre do ano anterior. Em setembro de 99 (inclui julho e agosto), o aumento foi de 11,9%.
Este mesmo indicador, que registrou índices negativos, ou seja, de queda, durante praticamente quatro anos -de outubro de 1995 a maio deste ano-, voltou a crescer a partir de junho, quando a taxa foi de 2,6%, chegando ao pico em agosto, com crescimento de 15%.
Porém, se for levada em conta uma análise de toda a década, o índice atual está bem abaixo do que era registrado no início do período: baixou de uma média de 7,8 vítimas por 100 mil habitantes, registrado no primeiro trimestre de 91, para 4,8 vítimas por 100 mil habitantes no trimestre de julho a setembro deste ano.
No segundo indicador, que abrange ocorrências como tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa, maus tratos, estupro e tortura, houve ligeiro aumento, passando de 14,6% em janeiro para 15,7% em setembro.
Ao longo da década, esse indicador registrou percentuais negativos somente entre os anos de 92 a 94. De janeiro a outubro do ano passado foram registrados os piores índices deste item de criminalidade, sempre acima dos 30%.
Este ano, chegou a 25,3% em julho e baixou para 19,7% em agosto. Se for analisado o número de vítimas ao longo da década, o índice registrado ao final do período é quase o dobro do que havia no início dos anos 90: passou de 33 para 63,9 vítimas por 100 mil habitantes, de março de 1991 a setembro deste ano.
O indicador referente a roubos extorsões e sequestros também vem crescendo desde o início da gestão Garotinho.
A tendência de crescimento que esta modalidade criminosa registrava em janeiro (10,6%) chegou a 25,7% em setembro.
Ao longo da década, os melhores resultados foram registrados entre novembro de 1994 e novembro de 1996, quando houve índices negativos durante praticamente todo o período, à exceção dos meses de janeiro e fevereiro de 1995.
A média de vítimas deste tipo de crime no Rio subiu bastante ao longo da década. Em março de 1991, era de 18 vítimas por 100 mil habitantes. Chegou a setembro deste ano com 48,2 vítimas no mesmo universo populacional.
A diretora de pesquisas da Secretaria de Segurança Pública do Rio, Jaqueline Muniz, considerou produtiva a estatística elaborada pela comissão.
Segundo ela, o governo reconhece o crescimento dos índices de criminalidade no Estado e usará a pesquisa para desenvolver "projetos pontuais" para reduzir a violência. De acordo com Jaqueline, os índices sobre criminalidade serão cada vez mais divulgados, inclusive via Internet.
"A desinformação é a grande alimentadora do medo", afirmou.


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