São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Moradores dizem que fogo começou com vela; combate às chamas mobilizou 35 carros do Corpo de Bombeiros

Incêndio deixa 1.115 desabrigados e mata um em favela de SP

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

Um incêndio na madrugada de ontem matou uma pessoa na favela Paraguai, na Vila Prudente (zona leste de São Paulo). De acordo com a prefeitura, 289 famílias -totalizando 1.115 pessoas- ficaram desabrigadas.
O Corpo de Bombeiros deslocou 35 veículos e 130 homens para conter o fogo. O incêndio consumiu uma área de 4.000 m2, atingindo 300 barracos, e só não foi maior porque o fogo foi barrado por uma fileira de paredes de alvenaria que rodeiam o lugar.
Era madrugada, por volta da 1h, quando as chamas apareceram. Apesar da chuva que atingia a região nessa hora, o fogo se espalhou rapidamente e só foi controlado quase três horas depois.
O corpo de Manoel José de Neguras, 54, foi descoberto às 6h20. O bombeiro Celso Batista de Jesus caiu sobre um barraco e teve fraturas numa costela.
Segundo vizinhos, o incêndio começou porque uma moradora, identificada apenas como Heloísa, saiu de casa e deixou uma vela acesa sobre um sofá para iluminar o local onde seus dois filhos, de três e oito anos, dormiam. Um vizinho arrombou a porta e conseguiu salvar as crianças.
Segundo o coronel Jair Pacca de Lima, comandante do Corpo de Bombeiros, o fogo se alastrou rapidamente por causa da grande quantidade de material inflamável (como madeira e estofados) e da proximidade dos barracos.
Muitos foram para a rua com a roupa do corpo. Outros conseguiram salvar parte de móveis e eletrodomésticos. Pela manhã, havia apenas madeira queimada, fumaça e ferragens retorcidas.
O combate ao fogo teve a ajuda de moradores do local e de favelas vizinhas. Um dos que ajudaram foi o morador José Genoíno, 55, que morava na favela vizinha ao Morro do Urubu. "Eu vim ajudar porque já perdi tudo num incêndio e sei como é isso", disse, referindo-se a um incêndio que aconteceu na favela em 2000.
Segundo a secretária da Assistência Social, Aldaíza Sposatti, das 289 famílias desabrigadas, 168 foram para casa de amigos. Outras 121 vão ficar temporariamente na Creche Esperança -perto da favela- e em escolas municipais. "O normal é não passar de 30 dias a permanência em alojamentos provisórios", disse Sposatti.
A secretaria distribuiu colchões, cobertores e alimentos. "O que podemos fazer é levá-los para um abrigo, providenciar cestas básicas e encaminhar as famílias mais carentes para o Renda Mínima. Mas precisamos, mesmo, é reurbanizar as favelas de São Paulo, pois a cada três meses temos um incêndio", disse a prefeita Marta Suplicy (PT), em visita à favela.
A prefeita irá discutir com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) possíveis soluções para o problema. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, o Estado havia assumido, em 2000, compromisso de transferir os moradores para projetos habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O planejamento teria atrasado porque o terreno escolhido perto dali estaria contaminado.


Texto Anterior: São José dos Campos: Índice de desemprego chega a 19%
Próximo Texto: Morador perde tudo pela 2ª vez
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.