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SEGURANÇA
Estratégia adotada foi abrir as portas do estabelecimento para oferecer atividades à comunidade
Escola na BA reduz violência e se torna exemplo para o Bird
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
No topo de uma ladeira, cercada
por uma favela por todos os lados
e localizada em um dos bairros
mais violentos de Salvador, a Escola Estadual Professora Maria
Anita encontrou uma fórmula para reduzir a criminalidade dentro
e fora dos seus muros.
Com programas simples voltados para os seus 1.500 alunos e para a comunidade de Periperi (35
km do centro de Salvador), o estabelecimento praticamente eliminou a evasão escolar e acabou
com pichações, destruições de
carteiras e mesas e as constantes
brigas dentro da própria escola.
"Antigamente, a escola cumpria
apenas a sua obrigação educacional. Depois que constatamos as irregularidades, passamos a funcionar como um verdadeiro shopping center, oferecendo alternativas de lazer e cultura não apenas
para os alunos, mas também para
a comunidade em geral", disse a
diretora Heronita Silva Passos, 52.
Devido ao sucesso do programa
implantado, a escola baiana participou há quase um mês, a convite
do Bird (Banco Mundial), do 3º
Seminário Internacional de Intercâmbios de Experiências de Educação para a Paz, realizado em
Bogotá, na Colômbia.
Atividades
Sem deixar de lado o aspecto
educacional -o estabelecimento
funciona das 7h às 21h40-, a Escola Estadual Professora Maria
Anita percebeu que a violência na
comunidade não diminuía com
os métodos tradicionais de ensino. "Então resolvemos abrir a escola para outras atividades, como
batizados, casamentos, pregações
religiosas, campeonatos esportivos, festas e danças", explica a diretora Heronita Passos.
Com isso, a barreira que separava a escola da comunidade -um
muro de quase 2,5 m de altura-
deixou de existir.
"O nosso portão fica aberto o
tempo todo. Quem precisar de
quadra e das dependências da escola é só pedir que a gente atende", acrescentou a diretora.
Segundo Passos, os próprios
moradores da comunidade contribuem para a conservação do estabelecimento educacional.
"É comum as pessoas varrerem,
fazerem pequenos reparos e pintarem a escola nas férias ou nos feriados. Na verdade, as pessoas se
sentem valorizadas e querem nos
retribuir de qualquer maneira."
"É meu espaço"
Suspenso e advertido 23 vezes
em apenas um ano, o estudante
A., 14, disse que a prática esportiva contribuiu para a sua mudança
de comportamento. "Antes, eu
era um verdadeiro marginal, só
queria brigar e destruir. Agora, a
escola é o meu campo, o meu espaço, a minha vida."
Matriculada no primeiro ano do
ensino médio, E., 15, disse que o
projeto implantado pela escola
mudou a sua maneira de encarar
a vida. "Os projetos de combate e
prevenção à violência trabalham
com a inclusão do aluno." Na semana passada, os parentes da estudante fizeram uma festa surpresa, dentro da escola, para comemorar os seus 15 anos.
O estudante E., 13, tem a mesma
opinião de sua colega. "Antigamente, a escola era toda pichada
com palavrões. Agora, o nosso
ambiente é saudável e maravilhoso", diz o aluno.
Até 2001, pelo menos 300 ex-alunos dessa escola haviam sido
presos, e outros 20 foram assassinados nos últimos oito anos, de
acordo com a diretora.
"Há dois anos, não temos mais
registro de nenhum ex-aluno ou
aluno envolvido em criminalidade", afirma ela.
Menos de um mês depois de
mostrar a sua experiência para os
colombianos, a escola baiana já
recebeu mais dois convites. "Os
governos da Bolívia e do Peru
também querem conhecer o nosso trabalho", disse a diretora.
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