São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

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Morre a 4ª vítima do crime de Bragança

Luciana Michele de Oliveira Dorta, 27, morreu ontem à noite, após passar 11 dias internada com 70% do corpo queimado

Ontem, a Justiça aceitou denúncia contra os dois acusados de trancar em um carro e queimar um casal, o filho de 5 anos e Luciana

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Morreu ontem a quarta vítima do crime de Bragança Paulista (83 km de São Paulo). Luciana Michele de Oliveira Dorta, 27, uma das quatro pessoas queimadas após um assalto, passou 11 dias internada com 70% do corpo queimado.
Segundo nota divulgada pela Santa Casa de Limeira (SP), Luciana morreu às 19h40. Na semana passada, ela havia passado por uma cirurgia de enxerto de pele. O boletim médico divulgado na tarde de ontem informava que o estado de saúde dela era grave, porém estável.
O crime aconteceu na noite do último dia 10. O eletricista Luiz Fernando Pereira, 38, e o soldador Joabe Severino Ribeiro, 36, confessaram à polícia que amordaçaram, amarraram e queimaram vivos dentro de um carro o casal Eliana Faria da Silva, 32, e Leandro Donizete de Oliveira, 31, e o filho deles, Vinícius, 5, após roubarem R$ 18 mil da loja do casal. Luciana era gerente da loja e também estava no carro incendiado.
O casal morreu carbonizado dentro do carro da família no dia do assalto. Vinícius morreu no dia 12, com 90% do corpo queimado.
No hospital, ainda em Bragança Paulista, Luciana conseguiu lembrar as letras iniciais e dois números da placa do carro usado pelos criminosos, o que levou a polícia a prender Ribeiro -o primeiro detido e dono do veículo usado no dia do crime. Ela também reconheceu Ribeiro por fotografia.
Luciana era casada havia nove anos com Fábio Dorta. Deixa duas filhas -uma de nove anos e outra de cinco anos. Na semana passada, em entrevista à Folha, o cunhado dela, Pablo Dorta, contou que uma das filhas do casal estava apavorada com o que havia acontecido à mãe. Também disse que a família pensava em deixar Bragança Paulista por sentir medo de permanecer na cidade.

Justiça
A Justiça aceitou ontem denúncia por três latrocínios (roubo seguido de morte), uma tentativa de latrocínio e roubo contra os dois acusados.
Agora, o Ministério Público deve fazer um anexo à denúncia para que eles passem a responder por mais um latrocínio.
A expectativa da Promotoria é que cada um seja condenado a uma pena de 90 anos de prisão.
"Os crimes têm natureza hedionda, são excessivamente graves e causaram repulsa e intensa comoção social", diz a denúncia do Ministério Público. A Promotoria pediu ainda a manutenção da prisão dos denunciados durante o processo, acatada pela Justiça.
A denúncia do Ministério Público também aponta como agravantes do crime o fato de os dois terem agido por meio cruel (fogo em pessoas sem chance de reação) e com emprego de armas (um revólver e uma faca). Cita ainda presunção de violência (crime praticado contra menores de 14 anos).
Pereira e Ribeiro confessaram os crimes. Pai de um filho de um ano, Pereira disse ser um "monstro" durante a reconstituição dos crimes. "Ambos são extremamente frios, calculistas e perigosos", diz a denúncia.
À polícia, os denunciados disseram que, após fazer os quatro reféns, foram até a loja e roubaram o dinheiro. Levaram depois todos a uma estrada e incendiaram o carro com os reféns dentro, sendo que Oliveira estava no porta-malas.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos dois denunciados.


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