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Morre a 4ª vítima do crime de Bragança
Luciana Michele de Oliveira Dorta, 27, morreu ontem à noite, após passar 11 dias internada com 70% do corpo queimado
Ontem, a Justiça aceitou denúncia contra os dois acusados de trancar em um carro e queimar um casal, o filho de 5 anos e Luciana
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Morreu ontem a quarta vítima do crime de Bragança Paulista (83 km de São Paulo). Luciana Michele de Oliveira Dorta, 27, uma das quatro pessoas
queimadas após um assalto,
passou 11 dias internada com
70% do corpo queimado.
Segundo nota divulgada pela
Santa Casa de Limeira (SP), Luciana morreu às 19h40. Na semana passada, ela havia passado por uma cirurgia de enxerto
de pele. O boletim médico divulgado na tarde de ontem informava que o estado de saúde
dela era grave, porém estável.
O crime aconteceu na noite
do último dia 10. O eletricista
Luiz Fernando Pereira, 38, e o
soldador Joabe Severino Ribeiro, 36, confessaram à polícia
que amordaçaram, amarraram
e queimaram vivos dentro de
um carro o casal Eliana Faria
da Silva, 32, e Leandro Donizete de Oliveira, 31, e o filho deles,
Vinícius, 5, após roubarem R$
18 mil da loja do casal. Luciana
era gerente da loja e também
estava no carro incendiado.
O casal morreu carbonizado
dentro do carro da família no
dia do assalto. Vinícius morreu
no dia 12, com 90% do corpo
queimado.
No hospital, ainda em Bragança Paulista, Luciana conseguiu lembrar as letras iniciais e
dois números da placa do carro
usado pelos criminosos, o que
levou a polícia a prender Ribeiro -o primeiro detido e dono
do veículo usado no dia do crime. Ela também reconheceu
Ribeiro por fotografia.
Luciana era casada havia nove anos com Fábio Dorta. Deixa
duas filhas -uma de nove anos
e outra de cinco anos. Na semana passada, em entrevista à Folha, o cunhado dela, Pablo Dorta, contou que uma das filhas
do casal estava apavorada com
o que havia acontecido à mãe.
Também disse que a família
pensava em deixar Bragança
Paulista por sentir medo de
permanecer na cidade.
Justiça
A Justiça aceitou ontem denúncia por três latrocínios
(roubo seguido de morte), uma
tentativa de latrocínio e roubo
contra os dois acusados.
Agora, o Ministério Público
deve fazer um anexo à denúncia para que eles passem a responder por mais um latrocínio.
A expectativa da Promotoria
é que cada um seja condenado a
uma pena de 90 anos de prisão.
"Os crimes têm natureza hedionda, são excessivamente
graves e causaram repulsa e intensa comoção social", diz a denúncia do Ministério Público.
A Promotoria pediu ainda a
manutenção da prisão dos denunciados durante o processo,
acatada pela Justiça.
A denúncia do Ministério
Público também aponta como
agravantes do crime o fato de os
dois terem agido por meio cruel
(fogo em pessoas sem chance
de reação) e com emprego de
armas (um revólver e uma faca). Cita ainda presunção de
violência (crime praticado contra menores de 14 anos).
Pereira e Ribeiro confessaram os crimes. Pai de um filho
de um ano, Pereira disse ser um
"monstro" durante a reconstituição dos crimes. "Ambos são
extremamente frios, calculistas
e perigosos", diz a denúncia.
À polícia, os denunciados disseram que, após fazer os quatro
reféns, foram até a loja e roubaram o dinheiro. Levaram depois todos a uma estrada e incendiaram o carro com os reféns dentro, sendo que Oliveira
estava no porta-malas.
A reportagem não conseguiu
localizar os advogados dos dois
denunciados.
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