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VIOLÊNCIA
Em protesto, moradores estenderam os corpos em auto-estrada; PM do Rio afirma que rapazes eram ligados ao tráfico
Operação na Rocinha deixa 3 jovens mortos
RENATA VICTAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Três jovens morreram na madrugada de ontem durante uma
operação do Bope (Batalhão de
Operações Especiais da PM) na
favela da Rocinha, em São Conrado (zona sul). Outro morador e
um policial saíram feridos.
Revoltados, os moradores estenderam os corpos na auto-estrada Lagoa-Barra (que passa ao
lado da favela) no início da manhã e jogaram pedras nos carros
que circulavam pelo local. A manifestação, que chegou a reunir
cerca de 300 pessoas, durou uma
hora e só acabou com o reforço do
policiamento no local.
Segundo a polícia, as mortes
aconteceram durante confronto
entre 15 policiais e um grupo de
traficantes do qual fariam parte os
três mortos. Moradores contestaram essa versão e disseram que os
policiais já entraram na favela atirando, sem que houvesse reação.
Parentes dos três mortos -de
17, 15 e 13 anos- afirmaram que
eles eram estudantes e trabalhadores de uma feira no Jardim Botânico (zona sul).
Inconformado, D.M., que ajudou a colocar o corpo do filho de
17 anos na auto-estrada, disse não
ter mais forças para viver. "Fui
avisado por amigos que meu filho
estava morto. Foi um choque e só
pensei em protestar. Peguei o corpo no colo e levei para a rua. A cidade inteira precisava ver a covardia que fizeram com meu filho.
Não sei mais o que fazer da vida."
Denúncia de invasão
O comandante do 23º BPM (Leblon, zona sul), tenente-coronel
Jorge Braga, disse que a ação foi
motivada por uma denúncia indicando que a favela seria invadida
por traficantes de uma facção rival. Ele disse que, junto com os
corpos dos jovens, foram encontrados radiotransmissores e morteiros, o que comprovaria o envolvimento deles com o tráfico.
O morador Marcelo Rodrigues
da Silva, 16, e o soldado Willian
Gomes também foram atingidos,
mas não correm risco de morte.
Para o subsecretário de Inteligência Operacional da Secretaria
de Segurança Pública, Paulo Souto, o confronto fugiu ao controle.
"Os policiais foram recebidos a
bala, e um deles foi baleado. O
confronto ficou sem controle, e a
quantidade de vítimas poderia ter
sido maior. Em casos assim é preciso estabelecer domínio."
Segundo o presidente da Associação de Moradores da Rocinha,
Willian Oliveira, os jovens tinham
acabado de sair de um baile funk
quando os policiais chegaram.
"Eles foram assassinados de uma
forma covarde. Fui avisado de
que o Bope subiria, mas para dar
segurança, fazer policiamento.
Foi uma brutalidade", afirmou
Oliveira, que pretende levar o caso ao secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho.
Na manhã de ontem, policiais
do Regimento de Polícia Montada
de Campo Grande (zona oeste)
encontraram três corpos carbonizados não-identificados.
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