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Área cobiçada pelo Ibirapuera vira estacionamento ilegal
Terreno incluído em estudo pela prefeitura para ampliar parque foi cedido a hospital
Local foi cedido pela gestão Serra ao Dante Pazzanese que alega ter alugado o terreno temporariamente até iniciar a ampliação de unidade
ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma área incluída em estudos da Prefeitura de São Paulo
para uma futura ampliação do
parque Ibirapuera (zona sul)
foi transformada em um estacionamento privado e irregular
-sem licença para funcionar.
O terreno, de 12,7 mil m2
(equivalente a 49 quadras de
tênis), era cobiçado havia anos
não só pelo município como
por moradores da região, que
reivindicavam a implantação
de espaço verde de lazer.
Há cerca de dois meses virou
um estacionamento -e que cobra R$ 2,99 a primeira hora-
após ser cedido pelo governo
do Estado ao Instituto Dante
Pazzanese.
O despacho do governador
José Serra (PSDB) que cedeu a
área pública previa que ela
abrigaria novas instalações do
instituto. O Dante Pazzanese,
porém, decidiu alugá-la. Diz
que a medida é temporária
-embora não haja prazo definido-, até que os projetos de
ampliação saiam do papel.
A entrada do terreno fica na
altura do número 244 da av.
Dante Pazzanese, ao lado do
Instituto de Engenharia. Ele
estava sob posse da União até
março de 2007, quando foi
transferido ao governo paulista, que repassou ao Instituto
Dante Pazzanese, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
O local pertencia ao Estado
até 1993 e havia sido repassado
à União para abrigar instalações da Justiça do Trabalho
-um projeto abandonado.
O estacionamento privado
instalado no local foi notificado
por falta de licença no dia 28 de
janeiro pela Subprefeitura da
Vila Mariana.
Segundo a subprefeitura, a
empresa ainda poderá regularizar a área.
O instituto informou ter locado o terreno e que, por isso, o
estacionamento não é de sua
responsabilidade.
A Folha tentou falar com os
responsáveis pelo estacionamento desde a última quinta,
mas não obteve respostas. O
funcionário que se identificou
como Carlos disse que não poderia dar entrevista e avisaria
os donos sobre a reportagem.
A Prefeitura de São Paulo
disse que as áreas em questão
são do Estado. Porém, segundo
a Folha apurou, a prefeitura
não vai reivindicar o terreno,
por ser distante do parque.
Incorporação ao parque
O terreno estava incluído em
uma lista de áreas que pertenciam ao traçado original do Ibirapuera e que poderiam ser
reincorporadas ao parque.
O plano do Dante é construir
no terreno um hospital de
transplantes, um centro para
reabilitação cardiovascular e
neurológica, uma casa de abrigo para pacientes, uma creche e
um centro para pesquisa.
Quando foi concebido, no
início do século passado, o Ibirapuera ocupava toda área que
hoje vai do local em que fica o
estacionamento no terreno do
Dante até a rua Tutóia.
Com o tempo, a área original
foi sendo desmembrada e ocupada por órgãos como o Instituto de Engenharia, o Centro
Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, o
Exército -que ficou com a
maior parte- e o clube do Círculo Militar, que é privado.
Entre as áreas em estudo para expandir o Ibirapuera também estava o estacionamento
da Assembléia Legislativa.
No ano passado, o prefeito
Gilberto Kassab (DEM) assinou convênio em que a Assembléia devolve 22 mil m2.
O presidente da Associação
dos Moradores da Vila Mariana, Cesar Michel Angelucci,
criticou a destinação dada ao
terreno cedido ao instituto.
"A comunidade não foi consultada. Aqui tem prédio demais. Usar para fazer estacionamento, então...", reclama
Angelucci.
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