São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Área cobiçada pelo Ibirapuera vira estacionamento ilegal

Terreno incluído em estudo pela prefeitura para ampliar parque foi cedido a hospital

Local foi cedido pela gestão Serra ao Dante Pazzanese que alega ter alugado o terreno temporariamente até iniciar a ampliação de unidade

ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma área incluída em estudos da Prefeitura de São Paulo para uma futura ampliação do parque Ibirapuera (zona sul) foi transformada em um estacionamento privado e irregular -sem licença para funcionar.
O terreno, de 12,7 mil m2 (equivalente a 49 quadras de tênis), era cobiçado havia anos não só pelo município como por moradores da região, que reivindicavam a implantação de espaço verde de lazer.
Há cerca de dois meses virou um estacionamento -e que cobra R$ 2,99 a primeira hora- após ser cedido pelo governo do Estado ao Instituto Dante Pazzanese.
O despacho do governador José Serra (PSDB) que cedeu a área pública previa que ela abrigaria novas instalações do instituto. O Dante Pazzanese, porém, decidiu alugá-la. Diz que a medida é temporária -embora não haja prazo definido-, até que os projetos de ampliação saiam do papel.
A entrada do terreno fica na altura do número 244 da av. Dante Pazzanese, ao lado do Instituto de Engenharia. Ele estava sob posse da União até março de 2007, quando foi transferido ao governo paulista, que repassou ao Instituto Dante Pazzanese, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
O local pertencia ao Estado até 1993 e havia sido repassado à União para abrigar instalações da Justiça do Trabalho -um projeto abandonado.
O estacionamento privado instalado no local foi notificado por falta de licença no dia 28 de janeiro pela Subprefeitura da Vila Mariana.
Segundo a subprefeitura, a empresa ainda poderá regularizar a área.
O instituto informou ter locado o terreno e que, por isso, o estacionamento não é de sua responsabilidade.
A Folha tentou falar com os responsáveis pelo estacionamento desde a última quinta, mas não obteve respostas. O funcionário que se identificou como Carlos disse que não poderia dar entrevista e avisaria os donos sobre a reportagem.
A Prefeitura de São Paulo disse que as áreas em questão são do Estado. Porém, segundo a Folha apurou, a prefeitura não vai reivindicar o terreno, por ser distante do parque.

Incorporação ao parque
O terreno estava incluído em uma lista de áreas que pertenciam ao traçado original do Ibirapuera e que poderiam ser reincorporadas ao parque.
O plano do Dante é construir no terreno um hospital de transplantes, um centro para reabilitação cardiovascular e neurológica, uma casa de abrigo para pacientes, uma creche e um centro para pesquisa.
Quando foi concebido, no início do século passado, o Ibirapuera ocupava toda área que hoje vai do local em que fica o estacionamento no terreno do Dante até a rua Tutóia.
Com o tempo, a área original foi sendo desmembrada e ocupada por órgãos como o Instituto de Engenharia, o Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, o Exército -que ficou com a maior parte- e o clube do Círculo Militar, que é privado.
Entre as áreas em estudo para expandir o Ibirapuera também estava o estacionamento da Assembléia Legislativa.
No ano passado, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) assinou convênio em que a Assembléia devolve 22 mil m2.
O presidente da Associação dos Moradores da Vila Mariana, Cesar Michel Angelucci, criticou a destinação dada ao terreno cedido ao instituto.
"A comunidade não foi consultada. Aqui tem prédio demais. Usar para fazer estacionamento, então...", reclama Angelucci.


Texto Anterior: Ninguém assume corte de árvore em frente ao Unibanco na Oscar Freire
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.