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Chico Pinto, autêntico mesmo no MDB
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Chico Pinto entrou para a
história da política brasileira
como um dos poucos a enfrentar a ditadura dentro do
Congresso, entusiasta que
era de anticandidaturas e
discursos.
Nascido em Feira de Santana, na Bahia, Francisco
Pinto começou na política
ainda nos anos 1950, como
vereador. Já em 1962 foi eleito prefeito, sendo deposto
em dois anos pelo golpe militar. Livrou-se ao defender-se
sozinho no tribunal militar.
Quando chegou a Brasília
em 1970, como deputado federal, Chico Pinto forjou o
surgimento da ala dos "Autênticos" dentro do MDB,
para se diferenciar dos adesistas e moderados -em
uma época, diz um senador,
em que o partido de oposição
"existia só por existir".
Desde então colecionou
polêmicas. Em 1974, articulou a chamada "anticandidatura" do general Euler Monteiro no Colégio Eleitoral, o
que irritou os militares. No
mesmo ano discursou contra
o ditador chileno Augusto Pinochet, que viera ao Brasil a
convite do presidente Geisel.
"O que nos vem do Chile é
a opressão mais cruel", disse,
na tribuna do Congresso. Foi
cassado e só voltou à Câmara
em 1978. Junto de nomes como Jarbas Vasconcellos e
Tancredo Neves, foi fundamental no diálogo com os
militares para a futura distensão política. Saiu da Câmara em 1990, "desiludido".
Fumava desde os 12, até
cem cigarros por dia, e se recusava a abandonar o "companheiro de uma vida", mesmo com câncer. Deixou mulher e filha, ao morrer na segunda em Salvador, aos 77,
por causa do câncer.
obituario@folhasp.com.br
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