São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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Chico Pinto, autêntico mesmo no MDB

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Chico Pinto entrou para a história da política brasileira como um dos poucos a enfrentar a ditadura dentro do Congresso, entusiasta que era de anticandidaturas e discursos.
Nascido em Feira de Santana, na Bahia, Francisco Pinto começou na política ainda nos anos 1950, como vereador. Já em 1962 foi eleito prefeito, sendo deposto em dois anos pelo golpe militar. Livrou-se ao defender-se sozinho no tribunal militar.
Quando chegou a Brasília em 1970, como deputado federal, Chico Pinto forjou o surgimento da ala dos "Autênticos" dentro do MDB, para se diferenciar dos adesistas e moderados -em uma época, diz um senador, em que o partido de oposição "existia só por existir".
Desde então colecionou polêmicas. Em 1974, articulou a chamada "anticandidatura" do general Euler Monteiro no Colégio Eleitoral, o que irritou os militares. No mesmo ano discursou contra o ditador chileno Augusto Pinochet, que viera ao Brasil a convite do presidente Geisel.
"O que nos vem do Chile é a opressão mais cruel", disse, na tribuna do Congresso. Foi cassado e só voltou à Câmara em 1978. Junto de nomes como Jarbas Vasconcellos e Tancredo Neves, foi fundamental no diálogo com os militares para a futura distensão política. Saiu da Câmara em 1990, "desiludido".
Fumava desde os 12, até cem cigarros por dia, e se recusava a abandonar o "companheiro de uma vida", mesmo com câncer. Deixou mulher e filha, ao morrer na segunda em Salvador, aos 77, por causa do câncer.


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