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SAÚDE
Geograficamente privilegiada, capital se transforma em alternativa médica para Estados do Norte e Centro-Oeste
Goiânia vira pólo regional de medicina
AURELIANO BIANCARELLI
enviado especial a Goiânia
Goiânia, a capital do cerrado, está conquistando no Centro-Oeste
e Norte do país o lugar que São
Paulo e Rio sempre ocuparam no
cenário nacional. Na medicina, essa demarcação de território vem se
acentuando nos últimos anos.
Na última década, uma dezena
de serviços, institutos e profissionais médicos locais se projetaram.
Nada que os grandes centros do
Sudeste e Sul não estejam oferecendo. Mas bastante para uma região muitas vezes relegada ao papel de sombra da Capital Federal.
Os especialistas estão vendo neste fato o início de um processo de
interiorização da medicina.
Nas capitais do Sul e Sudeste já
sobram médicos. Nas clínicas e
hospitais ao longo da avenida Paulista -onde se concentram centros médicos de SP- há mais
equipamentos de alta tecnologia
do que na metade norte do país.
``Estamos promovendo a interiorização da medicina'', afirma
Marcos Ávila, 42, um mineiro de
Uberlândia que está à frente do
CBCO, Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos. ``A posição geográfica de Goiânia nos favorece.''
O Hospital Neurológico de Goiânia optou por uma hotelaria simples em troca de equipamentos caros e profissionais com títulos no
exterior. ``Somos um dos quatro
centros credenciados pelo Ministério da Saúde para cirurgias de
epilepsias'', diz Orlando Arruda,
65, diretor do instituto e primeiro
a introduzir a neurologia e a neurocirurgia no Estado de Goiás.
``Se você consegue reunir bons
serviços e bons profissionais num
centro bem localizado, com certeza atrairá boa clientela'', diz Julian
Czapski, da Federação Internacional de Hospitais e do Instituto de
Planejamento Estratégico em Saúde. ``Há uma tendência cada vez
maior da criação de serviços eficientes no interior do país.''
Fila de espera
É isso que estaria acontecendo
com Goiânia. Para os hospitais públicos, o aumento da ``clientela''
significa tantos doentes que a fila
de espera pode chegar a meses.
``Cerca de 30% das nossas internações são pacientes de Estados do
Centro-Oeste e do Norte'', diz o secretário goiano da Saúde, Carlos
Mendes. O número vale para centros de referências regionais como
o Hospital de Doenças Tropicais, o
Hospital de Urgências de Goiás e o
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás.
O crescimento da cidade está trazendo de volta a maioria de seus
profissionais. ``Cerca de 80% dos
nossos médicos são filhos da terra
que saíram para estudar, se especializaram e estão retornando'',
diz Ibsen Coutinho, presidente da
Associação Médica de Goiás e vice
da Associação Médica Brasileira.
Goiânia tem hoje 2.700 médicos
para 1 milhão de habitantes.
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