São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997.

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Único do gênero no país, hospital atua no cultivo e manipulação de plantas medicinais
Fitoterapia tem `linha de montagem'

do enviado especial

Parece uma escola agrícola, mas é um hospital. Na parte de trás das instalações simples, estende-se um horto com 80 espécies diferentes de plantas. Desde árvores como a pata-de-vaca até ervas daninhas como a rasteira quebra-pedra e o juá-bravo, cheio de espinhos.
Floridas ou não, arbustos ou trepadeiras, elas têm algo em comum: são todas plantas medicinais reconhecidas pela farmacopéia brasileira.
Uma placa que lembra a entrada de uma fazenda indica que a área de um alqueire pertence ao Hospital de Medicina Alternativa de Goiânia, no norte da cidade. Trata-se da única instituição do gênero na rede pública de saúde do país, com cultivo das plantas, preparo dos remédios e prescrição aos doentes.
As folhas e flores são colhidas, lavadas, secadas ao sol da manhã, ressecadas em estufas, moídas, manipuladas, embaladas e receitadas aos pacientes.
Cerca de 80 mil pessoas já foram atendidas ali nos quase dez anos da clínica. Uma equipe de 16 médicos atende cerca de 100 pacientes por dia.
A fitoterapia (a cura pelas plantas) empregada no hospital também é inédita na rede pública. Ela se fundamenta na ``ayurvédica'', medicina tradicional indiana praticada há 4.000 anos. Com uma longa conversa com o paciente, o toque de pulso e o biótipo da pessoa, o médico seria capaz de identificar a doença.
O hospital nasceu em 1986, a partir de uma iniciativa do governo do Estado. Uma equipe de médicos indianos veio ao Brasil para um curso de 300 horas para 80 profissionais de saúde.
As poucas plantas que não existiam no Brasil -como a cheiro-de-cavalo- foram trazidas da Índia.
``Hoje, mais de 80% dos nossos pacientes retornam para novas consultas, o que é uma resposta excelente'', diz Heloisa Helena Teixeira dos Reis, diretora do hospital, dermatologista de formação, pesquisadora e entusiasta pregadora da fitoterapia.
As vantagens, segundo ela, são muitas: o paciente fica mais tempo com o médico, o que humaniza a relação e permite um diagnóstico mais preciso; as dosagens e combinações são preparadas na própria farmácia de acordo com cada paciente; e o custo por doente/ano é quatro vezes menor que na alopatia.
``A fitoterapia precisa ser introduzida na saúde pública.'' (AB)
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