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Morador agride engenheiro ligado a
construtora e entrevista vira pancadaria
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A entrevista coletiva dos representantes da construtora Sersan,
responsável pela construção do
prédio que desabou parcialmente
na Barra da Tijuca, acabou em
pancadaria.
Um morador agrediu o engenheiro Sergio Murilo Domingues,
que se disse ex-diretor da empresa.
A entrevista seria o primeiro
pronunciamento da construtora
sobre o acidente e começou às 17h,
mais de 12 horas depois do desabamento.
Ela foi organizada em um salão
de recreação do prédio onde mora
Domingues, próximo ao que desmoronou.
O edifício, no número 270 da
mesma rua do condomínio Palace, também foi construído pela
Sersan.
Advogado
Além de Domingues, participava
da entrevista o advogado Antonio
Lourenço, que disse ter sido contratado ontem para resolver os
problemas dos moradores que ficaram desabrigados.
Lourenço já havia trabalhado
para a empresa e participou de
uma reunião com os moradores
na época da constituição do condomínio Palace.
Antes mesmo de a entrevista começar, houve muita confusão
porque vários moradores queriam
estar presentes e a assessoria de
imprensa da construtora tentou
convencê-los a sair. Eles acabaram
ficando.
Lourenço começou a falar. Disse
que os moradores tinham conhecimento de que o prédio estava em
construção e que não tinha "Habite-se" (licença da prefeitura para
ocupação).
Disse também que a empresa havia autorizado os proprietários
dos apartamentos a vistoriar seus
imóveis para avaliar as condições
de habitabilidade, mas afirmou
desconhecer que tenha sido autorizada a ocupação dos apartamentos.
A partir daí, os moradores presentes começaram a se exaltar e dizer que o advogado mentia.
Confusão
Quando Domingues, que havia
sido apresentado como engenheiro da empresa, disse que não trabalhava mais para ela, o morador
Rui Feital correu de trás de onde
estavam os jornalistas e passou a
agredi-lo.
Seguiu-se uma grande confusão.
Marcelo Reis, marido de Fátima,
uma das pessoas que desapareceram sob os escombros, chamou os
representantes da Sersan de assassinos e gritava: "Quem vai trazer
de volta a minha mulher?".
Após a confusão, Domingues
tentou continuar falando, de pé.
Ele chegou a dizer que os moradores seriam ressarcidos dos prejuízos.
Enquanto ele falava, os moradores começaram novamente a se
agrupar à sua volta e dizer que ele
tinha que ir embora para não apanhar mais.
Eles reclamaram também a presença do deputado federal Sérgio
Naya (PPB-MG), dono da construtora. A família do deputado
afirma que não sabe de seu paradeiro (leia texto abaixo).
Domingues dirigiu-se aos elevadores e não mais falou. Só quando
ele já estava entrando no elevador
chegaram dois policiais militares
para tentar acalmar os ânimos.
Logo em seguida, chegaram dois
homens com armamentos pesados, que se identificaram como
policiais civis. Mas a confusão já
havia acabado.
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