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OPERAÇÃO PANDORA
Gravações da PF mostram que Armando Mellão dizia que seria vice da prefeita em chapa à reeleição
Ex-vereador envolvia Marta em extorsão
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Armando Mellão Neto, o ex-presidente da Câmara Municipal
de São Paulo preso sob a acusação
de extorsão, envolvia o nome da
prefeita paulistana, Marta Suplicy
(PT), nas conversas com suas vítimas, revelam os grampos em poder da PF (Polícia Federal).
Para mostrar influência política
e intimidar as pessoas a quem pedia dinheiro, dizia que estava garantido como vice-prefeito na
chapa de reeleição da petista. O
peemedebista Mellão ressaltava
ainda que havia sido indicado para o cargo por Orestes Quércia,
que controla o PMDB no Estado.
Mellão nunca chegou a ser cogitado para ser vice de Marta. O cargo, pleiteado pelo PMDB paulista,
acabou ficando com Rui Falcão,
secretário municipal de Governo.
Marta Suplicy é o segundo
membro do PT envolvido nos
achaques do ex-vereador. O nome do deputado federal José
Mentor, relator da CPI do Banestado, foi o primeiro a emergir das
investigações, em janeiro.
Mellão foi preso em flagrante na
sexta-feira pela PF ao negociar o
recebimento de um envelope com
R$ 581.400. O dinheiro era do ex-deputado estadual Reynaldo de
Barros Filho (PP), que afirma ter
sido achacado pelo ex-vereador.
Pelas investigações da PF, Mellão dizia falar em nome de congressistas da CPI do Banestado
-que apura remessas ilegais de
dinheiro ao exterior- e afirmava
que podia barrar investigações
em troca de dinheiro.
Outro político citado nas gravações feitas pela polícia é Celso Pitta (PSL). Por vezes Mellão dizia
que o ex-prefeito de São Paulo havia cedido e pago. Já em fevereiro,
depois que o Ministério Público
apreendeu um computador na
casa de Pitta em investigação que
tentava comprovar uma conta em
Zurique (Suíça), Mellão disse a interlocutores de Reynaldo Filho
que "isso aconteceu porque Pitta
não aceitou pagar".
Reynaldo Filho depôs ontem à
PF e manteve as acusações contra
Mellão. O ex-vereador, que deve
ser ouvido novamente hoje, continua negando que tenha praticado extorsão. Ele está suspenso do
PMDB até que o inquérito seja
concluído e corre o risco de ser expulso da sigla, caso as denúncias
sejam comprovadas.
Ontem a PF confirmou que
uma das três armas irregulares
apreendidas na casa de Mellão é
uma pistola .40, de uso restrito.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de
Comunicação e Informação Social, a indicação de Armando Mellão para vice de Marta jamais foi
cogitada. As negociações para a
chapa de reeleição da petista foram discutidas apenas entre o PT
e o PMDB de Orestes Quércia.
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