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AVIAÇÃO
BRA diz que água na pista dificultou pouso da aeronave, que tinha 115 passageiros e ficou a menos de 5 metros de cair em avenida
Avião derrapa e causa pânico em Congonhas
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
VICTOR RAMOS
DA REDAÇÃO
Um avião da BRA com 115 passageiros a bordo perdeu o controle na aterrissagem ontem à tarde
no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), quando a
pista estava molhada devido à
chuva. A aeronave atravessou um
canteiro da pista principal e parou
a menos de cinco metros de cair
na avenida Washington Luís.
Ninguém ficou ferido.
Os passageiros do vôo -que
partiu de Recife- relataram momentos de pânico no interior da
aeronave. Uma mulher precisou
ser levada ao hospital em razão do
nervosismo. O DAC (Departamento de Aviação Civil), a Infraero (empresa que administra os aeroportos) e a BRA investigam as
causas do acidente.
A companhia afirmou que, ao
tocar o solo, o avião sofreu uma
aquaplanagem (quando o pneu
perde o contato com a pista devido à água). Por isso, o comandante fez um ziguezague pela pista.
Segundo a assessoria de imprensa
da empresa, esse é um procedimento comum em situações como a ocorrida ontem, porque aumenta o espaço de frenagem.
Dois pilotos ouvidos pela Folha
em Congonhas, porém, afirmaram que, quando há aquaplanagem, o piloto perde o controle da
aeronave. Segundo eles, o ziguezague pode ter ocorrido devido a
esse descontrole.
Gritos
A coordenadora de marketing
Erica Codeço de Castro, 21, que
estava no vôo, afirmou que "o
avião foi quicando" ao longo da
pista. "Foi um pânico só." De
acordo com Castro, o susto permaneceu durante a saída da aeronave, feita por meio de um escorregador inflável usado em situações de emergência. "Saímos caminhando com muito medo de o
avião explodir", afirmou.
O advogado Toni Rabelo, 33,
disse que os problemas já começaram em Salvador, onde o avião
fez uma escala e atrasou cerca de
50 minutos. Na capital paulista,
porém, os problemas foram
maiores. "Quando chegamos, o
comandante avisou que a fila para
pouso era grande e que o avião
demoraria um pouco para descer.
Depois, o avião pousou na chuva,
e o comandante perdeu o tempo
certo, porque começou o pouso
só no meio da pista", disse.
"Houve pânico, muitos gritos e
choro. Foi tudo muito rápido.
Neste aeroporto, eu não desço
mais", afirmou Rabelo.
O susto levou a empresária Laura Mangi, 40, a se lembrar do acidente da TAM, em outubro de
1996, quando morreram 99 pessoas. "Felizmente, hoje o episódio
não teve um fim triste."
O problema chegou a assustar
também comerciantes da região.
"Ouvi um barulho estranho.
Quando me virei, vi o avião levantando fumaça e com uma bola de
fogo no trem de pouso", disse
Eduardo de Souza Pinto, 52, gerente de uma borracharia na
Washington Luís -em frente ao
ponto que a aeronave parou.
Reclamações
O presidente da BRA, Humberto Folegatti, reclamou das condições do aeroporto. "A pista tem
problemas. Inclusive está se aventando a possibilidade de Congonhas vir a ser fechado para reformas. Quando chove, aquaplana."
A Infraero afirmou que a pista suporta chuvas intensas.
A presidente da Associação dos
Moradores e Amigos de Moema,
Lygia Horta, reclama que o tráfego no aeroporto está muito intenso. "Isso aumenta o barulho na região e a possibilidade de acidentes." Ela afirma que o problema
poderia ser resolvido com a proibição de acesso a aviões particulares. "Eles deveriam ir para o [aeroporto] Campo de Marte. Em
Congonhas, tomam o espaço das
aeronaves", disse.
O movimento em Congonhas
cresceu no ano passado. De janeiro a setembro, houve um acréscimo de mais de 10 mil passageiros
por dia em relação ao mesmo período de 2004. O salto médio foi
de 36 mil para 46 mil.
Colaborou LUÍSA BRITO, da Reportagem Local
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