JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

O avanço da medicina permitiu, há mais de 40 anos, o desenvolvimento de remédios que passaram a curar e a impedir a transmissão da tuberculose dos doentes à população sadia. Médicos especializados foram tratar outras doenças, e as clínicas passaram a atender as demais doenças pulmonares, entre elas asma e a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Campos do Jordão (SP) deixou de ser a cidade procurada para tratamento da doença e passou a receber melômanos de todo o país em seu Festival Internacional de Inverno. Entretanto amanhã, na solenidade pelo transcurso do Dia Mundial da Luta Contra a Tuberculose, a Organização Mundial da Saúde irá destacar a importância em prevenir o surgimento da resistência do bacilo causador da doença aos medicamentos. Esta ocorrência aparece quando os pacientes, sentindo-se melhor, não completam o tratamento, apesar da distribuição gratuita do medicamento durante os necessários seis meses. No Brasil, segundo a SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), ocorrem 116 mil casos por ano, dos quais 26 mil não são notificados, possivelmente por não terem sido diagnosticados. O abandono do tratamento é de 8%, alcançando 30 a 40% em algumas capitais. Para o médico Antonio Carlos Lemos, presidente da SBPT, o abandono do tratamento pode resultar em taxas elevadas de resistência aos medicamentos e em formas mais graves da doença. Lemos assinala que quanto mais cedo for diagnosticado um doente na comunidade, mais rápido e mais fácil é o tratamento e a interrupção da transmissão da tuberculose.