São Paulo, domingo, 23 de março de 2008

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Especialistas questionam o método

DA REVISTA DA FOLHA

A filosofia para se tornar oficial do batalhão é muito clara: o mundo se divide entre caveiras (como são chamados os policiais do grupo especial) e invertebrados (os fracos, que não agüentam a pressão).
Esse tipo de analogia desperta críticas. Para Viviane de Oliveira Cubas, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP, usar tática de guerra em outro ambiente é desumanizador. "É característica do mundo empresarial exigir uma eficiência cada vez maior dos seus funcionários, dar responsabilidades cada vez maiores", afirma. "Você estabelece metas que às vezes não são reais. O que essa pressão e essa cobrança constantes podem causar à saúde desses funcionários?"
Um dos autores de "Elite da Tropa" (que originou o filme) e um dos roteiristas de "Tropa de Elite", o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, 37, também se converteu em palestrante. Faz entre quatro e cinco preleções por mês em empresas privadas.
"A primeira coisa que eu falo é: "Não vão bater nos seus vendedores'", diz ele, que foi contratado para falar para funcionários de empresas como a Perdigão.
Ao analisar esse tipo de palestra, o psicanalista Jorge Forbes aponta fragilidades. "Todos os discursos motivacionais são reducionistas da experiência humana. São uma tentativa de motivar a adesão a uma corporação apelando para o narcisismo. Quem não adere deve se envergonhar", diz o psicanalista, ao analisar o estímulo exagerado à competição.


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