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SAÚDE
Comprimido que age como anticoncepcional de emergência chega ao mercado brasileiro com versão própria
Ministério aprova pílula do dia seguinte
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
O Ministério da Saúde aprovou
no último dia 11 a primeira pílula
contraceptiva de emergência a ser
comercializada no país. Trata-se
de um envelope com dois comprimidos que devem ser tomados nas
horas seguintes à relação e cuja dosagem aumentada atua como "pílula do dia seguinte".
É indicada para "incidentes" e
"descuidos", como o rompimento
da camisinha, uma eventual relação desprotegida ou indesejada,
como nos casos de estupro.
A "pílula do dia seguinte", na
verdade, já é usada há mais de 20
anos pelos médicos aumentando-se em até quatro vezes as dosagens
das pílulas comuns.
A facilidade, agora, estaria no
acesso a uma pílula que já vem
com as dosagens adequadas para
uma emergência. A pílula, que deve chegar ao mercado em três meses com o nome de Postinor-2, é
produzida pelo laboratório Aché.
Cada comprimido contém 0,75
miligramas de levonorgestrel, um
hormônio sintético com efeitos semelhantes aos da progesterona e
que está presente na maioria das
pílulas comercializadas. A quantidade da substância presente corresponde ao de cinco pílulas.
Alerta
A preocupação dos médicos está
no uso que será feito do Postinor-2
e de outras pílulas de emergência
que surgirão no mercado. A pílula
não deverá ser carregada na bolsa
para resolver descuidos, alertam
os especialistas.
"Este tipo de comprimido ou
conduta não deve ser utilizado como anticoncepcional de rotina",
alerta Nelson Vitiello, presidente
da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.
"A recomendação é que o preservativo seja sempre usado e que a
pílula, como o nome diz, seja utilizada apenas como emergência",
afirma Juan Diaz, médico do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Unicamp e consultor do
Population Council para a América Latina.
Os contraceptivos de emergência
atuam provocando alterações na
parede do útero. Estas modificações fazem com que o óvulo, mesmo fecundado, não consiga se fixar, sendo eliminado em seguida.
Eficácia
De acordo com os estudos publicados, a pílula tem eficácia de 95%
quando tomada nas primeiras 24
horas, caindo para 85% quando
usada entre a 24ª e a 48ª hora.
Quando usada entre 48 horas e 72
horas, a eficácia cai para 58%.
Segundo Diaz, muitos estudos
utilizando dosagens altas de hormônio já foram realizados, garantindo segurança ao método.
Em setembro do ano passado, o
FDA, órgão do governo americano
que controla remédios e alimentos, liberou o uso de contraceptivos de altas dosagens como método para evitar a gravidez. Em 1997,
o Ministério da Saúde autorizou
essa prática nos serviços públicos
para casos de estupro.
A Unifesp, Universidade Federal
de São Paulo, adota altas dosagens
por períodos de três a cinco dias,
acompanhadas de tratamentos
preventivos contra DSTs e Aids.
"Todos os métodos que permitem interromper a gravidez mais
cedo e com menores riscos
-quando ela de fato não é desejada-, são um avanço em matéria
de saúde pública", diz Abner Augusto Lobão Neto, coordenador do
programa de pré-natal personalizado da Unifesp. Segundo o médico, o Brasil registra cerca de 1 milhão de partos de adolescentes por
ano, com um número incalculável
de gravidez indesejada.
Como outras pílulas de dosagem,
o primeiro comprimido de Postinor-2 deve ser tomado logo que o
"incidente" for notado. O segundo, 12 horas depois.
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