SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Em tom de desabafo, o secretário estadual da Segurança Pública, coronel Josias Quintal, afirmou na semana passada a auxiliares diretos que a série de ações promovidas no Rio por traficantes acabará por levá-lo a Brasília.
Quintal não falou em ir a Brasília para reuniões ou atrás de verbas. Dita de modo irritado, a frase -"Qualquer hora eu vou para Brasília", segundo dois assessores que a ouviram- fazia referência direta à Câmara dos Deputados.
Eleito em 2002 deputado federal, Quintal não assumiu sua cadeira na Câmara. Preferiu aceitar o convite de Rosinha Matheus (PSB) para voltar ao cargo de secretário, ocupado na gestão do ex-governador Anthony Garotinho (1999-abril de 2002).
Quase cinco meses após a posse, Quintal vive um momento complicado. Ontem, ele extravasou sua irritação com reprimendas a auxiliares diretos, comandantes de batalhões da PM e delegados.
O secretário estava irritado com o fato de não terem sido localizados os envolvidos no ataque ao microônibus da PM. Pelo menos 300 policiais civis e militares passaram a madrugada no complexo da Maré, mas ninguém foi preso.
Quintal continua irritado com o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins. Para ele, a corporação não tem demonstrado empenho. O relacionamento com a União também não é bom. Ele e o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, estão brigados desde a gestão Garotinho.
A falta de entendimento entre os governos federal e estadual tem esvaziado o Comitê Gestor Integrado de Inteligência e Operações, criado em 14 de março para unir as ações dos órgãos de segurança no Rio de Janeiro.
Os integrantes do comitê se reuniram somente uma vez. O núcleo de coordenação do comitê -formado por três representantes da União e três do Estado- se reuniu duas vezes.


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