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SAÚDE NA UTI
Rio reassume unidades; mutirão e hospitais de campanha continuam
União encerra intervenção, mas mantém ações no Rio
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério da Saúde devolveu
ontem à Prefeitura do Rio a gestão dos hospitais Miguel Couto
(zona sul) e Souza Aguiar (centro), encerrando formalmente o
período de 41 dias de intervenção,
mas decidiu manter por tempo
indeterminado os mutirões de cirurgias e o funcionamento dos
hospitais de campanha.
Na avaliação do ministro Humberto Costa, a situação de calamidade pública que motivou a ação
do governo federal na cidade não
foi superada, apesar da decisão do
Supremo Tribunal Federal contrária à intervenção, anunciada na
quarta-feira. Daí a estratégia de
uma retirada negociada.
Uma primeira reunião do secretário de Atenção à Saúde do ministério, Jorge Solla, com Ronaldo
Cezar Coelho, secretário municipal, está marcada para segunda-feira, no Rio. Costa anunciou que
a União manterá sob vigilância a
situação da saúde no Rio e nas cidades da região metropolitana.
Na primeira entrevista desde a
decisão do STF, anunciada quase
48 horas antes, Humberto Costa
insistiu em que o governo não se
julga derrotado. "O que fizemos
ao longo de 41 dias mostra que somos mais eficientes e capazes do
que a prefeitura havia se mostrado até então", afirmou. Costa negou, no entanto, que a popularidade da intervenção tivesse sido
aferida em pesquisa de opinião
contratada pelo governo.
Um balanço da intervenção
contabiliza a contratação temporária de 871 profissionais, o aluguel de equipamentos, compras
emergenciais de medicamentos e
materiais hospitalares.
O relatório sobre a situação encontrada em março destacou
emergências, salas de cirurgia, leitos de UTI e enfermarias fechados, além de desabastecimento e
falta de equipamentos. A existência de mais de 14 mil pacientes na
fila para cirurgias justificou a manutenção de mutirões "até a conclusão das cirurgias cadastradas",
disse Humberto Costa.
Mas, mesmo após a intervenção, o Ministério da Saúde não
conseguiu reativar salas de cirurgia e equipamentos de raio-X fora
de uso no Souza Aguiar. Antes da
intervenção, só dois dos seis aparelhos de raio-X funcionavam no
hospital. Ontem, os quatro continuavam defeituosos. Não houve a
recuperação das salas de cirurgia
desativadas. Das dez salas para cirurgias, quatro seguiam fechadas.
Na semana passada quebrou o
único tomógrafo do hospital.
A situação do Souza Aguiar e do
Miguel Couto será avaliada a partir de segunda, disse ontem o secretário Ronaldo Cezar Coelho.
Cezar Coelho afirmou que a retomada deve ocorrer em até dez
dias, após o fim das auditorias.
"As auditorias vão ser acompanhadas pelo Tribunal de Contas
do Município. Estamos preocupados com a situação patrimonial
dos hospitais", disse.
O ministro Humberto Costa
reagiu à notícia. "Os aparelhos de
raio-X que funcionam lá fomos
nós que colocamos. Não é possível que o secretário [Ronaldo Cezar Coelho] quisesse que consertássemos em 41 dias o que ele deixou estragar durante meses. Esperamos que a prefeitura faça
com que as unidades não voltem
à situação crítica", insistiu.
No Souza Aguiar, a carência pode ter sido agravada pela expectativa que a intervenção gerou. O
número de pacientes que costumam procurar o setor de pronto-atendimento, segundo a direção
do Souza Aguiar, passou na semana seguinte à da intervenção
de 480 por dia para cerca de 900.
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