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DANUZA LEÃO
Eles merecem
Vejo na TV que o governo do
Irã ameaça cortar as mãos
dos agressores ao país. Uma idéia
cruel, sem dúvida, mas a pensar.
Como somos um povo de boa índole, venho sugerir punição mais
branda para os membros da quadrilha, e em duas etapas: a primeira delas seria dar umas boas
chicotadas nos criminosos em
praça pública.
Alguns deputados foram cassados, outros renunciaram, e vai ficar tudo por isso mesmo. E os que
conseguiram se safar, revoltando
a opinião pública, também vai ficar por isso mesmo? Diante das
declarações oficiais de que os integrantes da quadrilha levarão
pelo menos dois anos para serem
-talvez- punidos e contando
com a pressa com que trabalha a
Justiça, as chances de castigo são
poucas. O processo de Paulo Maluf para devolver aos cofres públicos o valor dos Fuscas que doou
aos tricampeões da Copa de 70 levou 36 anos para ser concluído
-e o resultado foi favorável a
Maluf; se contar a um não-brasileiro, ele vai acreditar?
Acho que bastava ser indiciado
para começar a ser punido, levando chicotadas com aqueles chicotes com um metalzinho na ponta,
que não mata ninguém, e em praça pública. O castigo poderia
acontecer em duas etapas: a primeira em Brasília, na praça dos
Três Poderes, e a segunda no curral eleitoral de cada nobre parlamentar, com seus eleitores vendo
a cena de olhos bem abertos, para
entender o que está acontecendo.
Esses, coitados, de tão humildes,
não costumam ler jornais por serem analfabetos -e a educação,
hein, Lula?-, mas acabariam
entendendo por que aquele homem tão importante e poderoso
está ali, como um qualquer.
Não, não se está falando de linchamento; apenas de um pouco
de justiça, mas justiça com humilhação, para lavar nossa alma.
Haveria um critério: uma chicotada para cada 100.000 dólares
roubados não seria demais, seria?
Mas quem roubou 50 milhões, vai
levar 500 chicotadas?
Ok, dá para negociar: devolvendo o dinheiro, o castigo cai pela
metade, 250 chicotadas, mas dadas com raiva. E por falar nisso,
não se fala na devolução desse dinheiro. Claro: como devolver dinheiro que foi gasto em passagens
de avião, diárias de hotéis, vinhos, charutos? Esquece: esse,
nunca mais.
Mas será que é muita maldade
esse desejo de vingança? O verdadeiro sentimento cristão talvez
aconselhasse o perdão, mas nem
pensar. Como não queremos um
país de manetas e temos horror a
sangue, ficamos contentes com as
chicotadas.
Temos muitos corruptos. No
passado, eles queriam uma beirada numa negociata para comprar
um apartamento, fazer uma viagem. Hoje em dia, eles querem ser
donos da sua cidade, do seu Estado, do país inteiro, e detalhe: para
sempre.
Em Cingapura, costumam dar
chicotadas nas costas dos criminosos. Mas nós, que somos reconhecidamente criativos, vamos
fazer diferente: nossos caros políticos chegariam ao local escolhido
e, humildemente, baixariam as
calças diante da TV que eles tanto
adoram, para que o Brasil inteiro
os vissem receber o castigo.
É o mínimo que eles merecem, e
assim pelo menos uma certeza vamos ter: neles, ninguém nunca
mais vai votar.
E a gente quer votar, não quer?
P.S.: No meio de tantos escândalos, faz bem à alma saber que o
prefeito de Nova York autorizou
a derrubada de parte de um prédio tombado para salvar a gatinha Molly, que estava espremida
entre duas paredes há 11 dias,
miando, sem conseguir sair do
buraco onde tinha caído. O Corpo
de Bombeiros foi acionado, Molly
saiu toda lampeira e passa bem,
obrigado.
E-mail - danuza.leao@uol.com.br
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