São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

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Navios, helicóptero e aviões mantêm busca por padre que voou com balões

Ontem foram achados, a 50 km da costa, 60 dos mil balões usados pelo religioso

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO FRANCISCO DO SUL

Barcos e aeronaves da Marinha, da Aeronáutica e da Polícia Militar de Santa Catarina não haviam localizado o padre Adelir Antônio de Carli até as 22h de ontem. Ele sumiu no domingo após levantar vôo amarrado a mil balões de festa.
Ontem à tarde, a FAB (Força Aérea Brasileira) e a PM confirmaram a localização de cerca de 60 balões a 50 km da costa, entre Porto Belo (68 km da capital) e Florianópolis. As buscas estão sendo feitas por quatro navios e um helicóptero da Marinha e dois aviões da FAB.
O bispo de Paranaguá (PR), dom João Alves dos Santos, responsável pela diocese do padre Adelir, disse que tinha "restrições" aos eventos feitos pelo religioso, mas que não havia como "segurá-lo".
"Dizia ao padre Adelir que preferiria que ele agisse de outra maneira. Mas ele não abria mão das convicções. Sabíamos do perigo, mas não tem como segurá-lo. É projeto pessoal", disse o superior do padre.
Carli, 41, saiu de Paranaguá (96 km de Curitiba) na tarde de domingo, suspenso a uma cadeira de pano presa a cerca de mil balões de festa cheios de gás hélio. Tentava quebrar um recorde mundial de permanência no ar (19 horas) e promover um trabalho social com caminhoneiros. Seu destino era o interior do Paraná, mas uma corrente de vento o empurrou em direção ao oceano.
Segundo d. João, Carli pensava que, voando com balões, chamaria a atenção das pessoas para o principal projeto da Pastoral Rodoviária, idealizada pelo padre há quatro anos.
Numa área de 3.400 metros quadrados perto da paróquia de Carli, próxima também ao porto de Paranaguá, barracões estão sendo montados para oferecer "descanso físico e espiritual" aos caminhoneiros.
Segundo Santo de Carli, 73, primo do padre, o religioso imaginava que, se conseguisse voar com balões, chamaria a atenção de eventuais colaboradores. "Ele dizia que ia eliminar a prostituição na área do porto com o projeto", afirmou.
"O sonho dele é ver o complexo finalizado", disse o bispo, para quem a conclusão do projeto levará três anos.
"Tudo o que está aqui é porque o padre arregaça as mangas. Quando a gente desanima, ele dá a injeção de ânimo", afirmou Denise Gallas, coordenadora da Pastoral Rodoviária.
Segundo ela, o padre se preparava havia um ano para voar em balões de festa, fez cursos de sobrevivência e "conversou muito" com especialistas.
Segundo o comerciante Ernesto Klein, 41, coordenador do projeto de vôo de Carli, o padre já havia usado GPS no vôo de teste que fez há mais de um mês, em Ampére (510 km de Curitiba).


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