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Ministro defende que garoto fique no Brasil
Menino alvo de disputa com EUA deve ficar com padrasto, mas pai biológico tem de ter direito à visita, diz Paulo Vannuchi (Direitos Humanos)
Ele ponderou, entretanto, que a questão não é fácil e trará danos à criança seja qual for a decisão a ser tomada pela Justiça brasileira
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Paulo Vannuchi
(Direitos Humanos) defendeu
ontem a permanência no Brasil
do menino de 8 anos cuja guarda está sendo disputada entre o
pai americano e o padrasto brasileiro. "Minha opinião é que a
criança fique no Brasil com amplo direito de visitação do pai
biológico", afirmou.
Vannuchi ponderou não ser
essa uma questão fácil e disse
estar profundamente convencido de que haverá danos à
criança seja qual for a decisão
tomada pela Justiça brasileira.
A declaração veio depois de audiência pública na Comissão de
Direitos Humanos da Câmara.
O ministro disse ter esperança no governo Obama para a solução desse caso -que gerou
um debate diplomático entre
Brasil e Estados Unidos e chegou a ser tratado em encontro
entre a secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, e o chanceler Celso Amorim.
Vannuchi atacou os juízes
norte-americanos que, para
ele, dão sentenças "preconceituosas" e "chauvinistas" -a
Justiça de Nova Jersey deu, em
2004, ordem para devolução do
menino; ela não foi cumprida e
o pai do garoto, o americano
David Goldman, notificou o
Departamento de Estado dos
Estados Unidos.
O menino veio ao Brasil com
a mãe, a brasileira Bruna Bianchi, em 2004 -Goldman alega
que seria apenas uma viagem
de férias, mas que os dois não
retornaram aos EUA.
Desde setembro de 2008,
após a morte de Bruna, a autoridade central americana, hoje
chefiada por Hillary Clinton,
vem acionando o governo brasileiro para que determine o retorno do menino, sob a luz da
Convenção de Haia -acordo
internacional que assegura o
retorno imediato ao país de residência habitual de crianças de
lá tiradas sem respeito aos direitos de guarda.
A AGU (Advocacia Geral da
União) passou então a ser parte
do processo. Isso levou a família brasileira do garoto a acusar
o governo de atuar em favor de
um estrangeiro.
Ontem, mais uma vez, o ministro defendeu que a atuação
da Secretaria de Direitos Humanos não extrapolou o procedimento padrão. De janeiro de
2003 até fevereiro de 2009, tramitaram e ainda tramitam no
Brasil 292 casos semelhantes a
esse. A secretaria encaminhou
115 desses casos à AGU, que
aceitou 77.
O advogado da família brasileira, Sérgio Tostes, esteve na
audiência e pediu que seja apurada a participação da Polícia
Federal num mandado de busca e apreensão à casa da avó
materna do menino, no Rio.
Tostes não disse quando a busca teria sido feita. De acordo
com ele, a AGU teria autorizado
que dois oficiais de justiça e
dois policiais procurassem o
menino, que estava viajando, a
pedido do pai, David Goldman.
A Polícia Federal negou, em
ofício, que tenha havido qualquer diligência feita por agentes na casa da avó do menino.
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