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foco
Crise econômica faz agenda de "bocas-livres" chiques encolher em São Paulo
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com 500 convidados, garrafinhas de champanhe para
tomar no canudinho e DJ vindo dos EUA para a festa, o lançamento de um carro alemão
na terça-feira, 14, lembrou
aos VIPs paulistanos dos dias
em que essa fartura era mais
rotineira na noite da cidade. E
nem faz tanto tempo assim.
"Acho que foi de repente,
desde o começo deste ano. A
festas grandes, que eram várias por semana, quase não
fui neste ano", conta uma onipresente em listas VIP, a modelo Renata Kuerten, em 1,76
metro semicoberto por um
vestido Roberto Cavalli.
Após anos de atribulação,
com a boa fase da economia
no país, a agenda social da cidade foi desafogada pela crise
econômica, que fez as empresas enxugarem verbas destinadas a promover bocas-livres para reforçar "conceitos
de marca" e lançar produtos.
"Acho que agora voltamos
ao normal de 2005 ou 2006.
Os últimos dois anos é que foram uma loucura, com muitas festas todos os dias", conta
a relações-públicas Fernanda
Barbosa, contratada por empresas para convidar ricos e
celebridades para festas.
Entre canapés e drinques
coloridos na festa de terça, o
empresário de eventos Anuar
Tacach dizia que a crise gerou
mudanças. "Este lançamento
da BMW é um bom exemplo,
com foco em vendas. Clientes
esperam gerar vendas, não é
só construção da marca. Os
convidados aqui são o "target"
[público-alvo] do produto."
O apresentador da MTV
Felipe Solari, que bate cartão
em festas assim, conta que a
média semanal de convites
"bacanas" caiu de cinco para
dois neste ano. A Folha ouviu
20 pessoas, entre profissionais do mercado e figurinhas
carimbadas em listas VIP.
Todos relatam que a maré do
uísque grátis baixou.
Empresas do "métier" tem
números ainda mais expressivos. A High Work diz que
em 2008 entregava (de carro,
-jamais por motoboy) entre
2.500 e 3.000 convites por
dia. Neste ano, a media diária
vai de 1.000 a 1.500.
Se serve de consolo, pelo
menos os VIPs ficam livres de
gastar a sola de seus Ferragamo em tempos de crise. Para
a festa da BMW na terça, os
convidados eram levados em
carrinhos de golfe até a pista
de dança -tudo montado no
subterrâneo do largo Ana Rosa (zona sul), para criar um
clima "alternativo".
Na madrugada, os Audis e
BMWs dos convidados voltavam a emergir no largo, ainda
movimentado pelos que esperavam ônibus no terminal.
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