São Paulo, quinta-feira, 23 de abril de 2009

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Crise econômica faz agenda de "bocas-livres" chiques encolher em São Paulo

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com 500 convidados, garrafinhas de champanhe para tomar no canudinho e DJ vindo dos EUA para a festa, o lançamento de um carro alemão na terça-feira, 14, lembrou aos VIPs paulistanos dos dias em que essa fartura era mais rotineira na noite da cidade. E nem faz tanto tempo assim.
"Acho que foi de repente, desde o começo deste ano. A festas grandes, que eram várias por semana, quase não fui neste ano", conta uma onipresente em listas VIP, a modelo Renata Kuerten, em 1,76 metro semicoberto por um vestido Roberto Cavalli.
Após anos de atribulação, com a boa fase da economia no país, a agenda social da cidade foi desafogada pela crise econômica, que fez as empresas enxugarem verbas destinadas a promover bocas-livres para reforçar "conceitos de marca" e lançar produtos.
"Acho que agora voltamos ao normal de 2005 ou 2006. Os últimos dois anos é que foram uma loucura, com muitas festas todos os dias", conta a relações-públicas Fernanda Barbosa, contratada por empresas para convidar ricos e celebridades para festas.
Entre canapés e drinques coloridos na festa de terça, o empresário de eventos Anuar Tacach dizia que a crise gerou mudanças. "Este lançamento da BMW é um bom exemplo, com foco em vendas. Clientes esperam gerar vendas, não é só construção da marca. Os convidados aqui são o "target" [público-alvo] do produto."
O apresentador da MTV Felipe Solari, que bate cartão em festas assim, conta que a média semanal de convites "bacanas" caiu de cinco para dois neste ano. A Folha ouviu 20 pessoas, entre profissionais do mercado e figurinhas carimbadas em listas VIP. Todos relatam que a maré do uísque grátis baixou.
Empresas do "métier" tem números ainda mais expressivos. A High Work diz que em 2008 entregava (de carro, -jamais por motoboy) entre 2.500 e 3.000 convites por dia. Neste ano, a media diária vai de 1.000 a 1.500.
Se serve de consolo, pelo menos os VIPs ficam livres de gastar a sola de seus Ferragamo em tempos de crise. Para a festa da BMW na terça, os convidados eram levados em carrinhos de golfe até a pista de dança -tudo montado no subterrâneo do largo Ana Rosa (zona sul), para criar um clima "alternativo".
Na madrugada, os Audis e BMWs dos convidados voltavam a emergir no largo, ainda movimentado pelos que esperavam ônibus no terminal.


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