São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2001

Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO

Adversários da prefeita comemoram liminar que veta aumento a secretário, criticam nova tarifa e pedem CPI do lixo

Marta sofre cerco da oposição e da Justiça

Caio Guatelli/Folha Imagem
Manifestantes apoiados pela Força Sindical protestam contra o aumento da tarifa de ônibus R$ 1,40, que valerá a partir de 5ª feira


CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A oposição à prefeita Marta Suplicy aumentou ontem seu cerco à administração petista com o apoio de decisões judiciais. Aliado a isso, integrantes da bancada governista, ainda que veladamente, dão sinais de insatisfação com a condução do governo municipal.
Provocada por ações da Força Sindical e do PSDB, a Justiça paulista determinou a suspensão do aumento dado aos secretários da prefeita e pede explicações sobre o aumento da tarifa de ônibus que vigora a partir de amanhã.
O juiz da 13ª Vara da Fazenda Pública, Olavo de Sá Pereira, concedeu liminar que barra o aumento de até 40% na folha de pagamento do secretariado municipal. A decisão trouxe de volta ao debate um assunto que a base de apoio a Marta julgava ultrapassado.
Questionado desde o início por parlamentares aliados ao PT, os novos salários do primeiro escalão do governo causaram polêmica ao serem aprovados.
Com a notícia da liminar, a oposição festejou a vitória parcial. Os parlamentares da situação ainda tiveram de ouvir piadas de alguns colegas. "Os vereadores que aprovaram o projeto vão ser réus na ação", disse, por exemplo, o líder do PSDB, Gilberto Natalini.
Raul Cortez (PPS) e Antonio Campanha (PSB), integrantes da Força Sindical e cujos partidos apóiam a prefeita (embora os dois tenham se posicionado como opositores), encabeçaram um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus para R$ 1,40. Um vereador do PT, que prefere não se identificar, chegou a dizer que seus dois colegas têm razão.
O petista lembrou os atropelos no anúncio da tarifa: primeiro, a prefeitura encomendou um estudo à Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP), que apontou o custo do transporte entre R$ 1,27 e R$ 1,32.
Em seguida, a prefeita defendeu um reajuste para, no máximo, R$ 1,25 e, depois de os donos das empresas de transporte apresentarem estudo contestando o levantamento da Fipe, Marta anunciou o aumento para R$ 1,40.
O juiz João André de Vicenzo, da 12ª Vara da Fazenda Pública, deu 72 horas para a prefeita justificar o aumento da tarifa.
O lixo foi outro assunto que voltou ao plenário da Câmara. Levantamento do Datafolha revelou que as empresas contratadas não executam o serviço de varrição como deveriam. Novamente os vereadores da situação foram questionados sobre a não criação da CPI do lixo e, mais uma vez, tiveram de repetir o discurso de que o PT quer a investigação, a ser levada adiante quando acabarem as outras cinco CPIs (cujos trabalhos devem levar mais 90 dias).
Diante de um cenário de dificuldades políticas, a cúpula do governo Marta procura atrair novos vereadores para a base de apoio. A iniciativa do Executivo, porém, pode afastar outros.
Negociação iniciada entre o presidente do diretório estadual do PMDB, Orestes Quércia, e o secretário de Governo, Rui Falcão, pode trocar seis por meia dúzia.
Isso porque os três vereadores peemedebistas que desde o início do governo apóiam a prefeita -Antonio Goulart, Myryam Athiê e José Olímpio- não estão satisfeitos como a forma que a negociação vem sendo conduzida.
Um dos peemedebistas que apóiam a prefeita, por exemplo, reclamou de uma suposta articulação do líder do PMDB, Milton Leite, para a participação em secretaria de Getúlio Hanashiro, ex-secretário de Transportes durante a gestão Celso Pitta (PTN). Leite nega a intermediação.
O líder da prefeita, José Mentor (PT), afirmou que "os entendimentos com o PMDB começaram desde o final do ano passado para a constituição da Mesa Diretora da Câmara". Mentor afirmou que, por enquanto, "não há nada além de conversas" para a ampliação do apoio do PMDB.



Próximo Texto: Prefeita vai explicar tarifa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.